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Mostrando postagens de setembro, 2014

Ninho.

Água. Tinha água batendo no vidro da janela sem cortinas. Demorei a perceber que o barulho era real. Franzi o cenho e me espreguicei, custando a deixar pra trás o sonho cinzento que me envolvia. Estiquei o pescoço e olhei para os vidros agora camuflados de gotas d'água. A chuva caía grossa, tão silenciosa quanto podia ser numa manhã de domingo. O céu era cinza, tão nublado quanto a atmosfera onírica que teimava em não me largar. Quase hora de ir embora , pensei, mas logo me encolhi de novo. A cama que me acolhia era velha conhecida minha. E aqueles braços também. Aquele peito largo, destemido e quente que agora me servia de travesseiro respirava com tranquilidade. Subia e descia emanando uma paz amarelo claro. Ronronava também. Ali, escondida naquele ninho macio que eu ousava, por vezes, clamar só meu, o barulho da chuva parecia oco. Eu já não ouvia tão bem as gotas se atirando contra as janelas e escorrendo dramaticamente. Ali eu só ouvia o ar entrando e saindo, e uma bat