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Mostrando postagens de 2009
Desculpem-me a ausência. Prometo que isso acaba quando eu entrar na USP. Tô indo pra praia agora, logo, incomunicável por uma semana. Se tiver meu número, liga. Se não tiver, é porque de fato não quero que me ligue. [; Kiddin'. Divirtam-se com os antigos, crianças. E FELIZ 2010 PRA TODOS! Lhes desejo tudo de melhor. Pois é, não tive tempo nem mesmo de escrever uma reflexão sobre meu ano. :S Desculpem-me. Beijos a todos. Natália Albertini.
Acabei de ver Sete Vidas. Não gostei. Terminei hoje de ler Noturno, do Guillermo del Toro e Chuck Hogan. Detestei. Comecei agora mesmo The Bone Collector, do Jeffery Deaver. Espero sinceramente que valha a pena. Sim, estou mal-humorada. Beijos. Natália Albertini.

Mamãe, tem um monstro no meu armário.

O edredon lhe cobria as orelhas, deixando de fora apenas seus olhos. O travesseiro já tinha a marca de sua cabeça afundada ali. Os lençóis estavam encharcados, já que, em plena noite de dezembro, ela estava coberta. Entretanto, o suor não vinha só do calor corporal. Vinha também do calor causado pelos arrepios e pelo medo que a envolvia. O quarto estava escuro. Era iluminado somente por uma fresta de luz lunar que atravessava sua janela. A porta que dava para o corredor estava fechada, enegrecendo ainda mais o ambiente. O guarda-roupa que ficava em frente à cama, na parede oposta, tinha uma de suas portas entreabertas. Ela acordara no meio da noite e a encontrara assim, semi-aberta. E podia jurar que, antes de se deitar, a havia fechado. Dali de dentro, entre os casacos e jeans, havia dois pontinhos arroxeados e brilhantes que despertavam na garota um pavor estonteante. Ela sentiu as costas, molhadas de suor, encostarem na parede. Já havia se afastado o máximo possível e ainda assim nã
Desculpem-me pela ausência (AGAIN). Tudo bem corrido, tempo escoando por entre meus dedos. Meio perdida. Tô na segunda fase da FUVEST! *-* E com umas ideias boas de contos. Assim que der (vontade), eu posto. Estou lendo Noturno, do Guillermo del Toro ( *0* ) e do Chuck Hogan. Depois desse, The Bone Collector. Beijos a todos. Natália Albertini.

Matemática Viscosa.

- Mas, antes de ser senoide, é uma equação modular, concordam? - Sim... - alguns alunos responderam. Enquanto o professor copiava o exercício na lousa e alguns estudantes já o resolviam por conta própria, do lado de fora da sala de aula veio um grito aterrorizado, rasgando o silêncio. Todos se encararam com olhares cheios de interrogação e receio. Antes que murmúrios começassem, o professor perguntou: - Isso foi lá fora? - e foi até a janela, procurar na rua, lá embaixo, por algum acidente de trânsito. Uma voz sozinha o corrigiu, assustada: - Não, professor...foi aqui dentro. - Não deveria ter pronunciado tais palavras. Todos já sabiam que havia sido ali dentro, mas dizê-lo tornava ainda mais real o que agora já se transformava em medo. O tutor fez uma pergunta quase que retórica, para si mesmo: - Aqui dentro? Deixou o microfone numa das carteiras da primeira fila, largou o giz no suporte protuberante da lousa e saiu da sala com determinação, sem pedir licença, deixando-os somente a

Tão nossas.

Uma era filha única e pequeneninha, outra tinha uma irmã mais nova e ria com efizemas pulmonares, outra tinha os cabelos bem curtinhos e um sorriso encantador, enquanto uma outra lutava judô e amava os animais. Uma quinta tinha uns olhos de Capitu e franjinha, outra tinha luzes no cabelo e quilos de roupa da Puma, enquanto uma outra tinha uns cachos compridos e curtia um rock pesado. Mesmo com tantas diferenças, as sete se reuniam todas as manhãs, nos dois intervalos, para trocar reclamações, risadas ou esperanças. Já era dezembro. Meu Deus, já era dezembro... Mas elas não pareciam se afetar pelo clima nostálgico que rondava a todos, elas pareciam saber que suas peculiaridades, quando formando aquele coletivo, valia mais que qualquer distância ou tempo. E por mais que de fato, em algum momento, se separassem, as lembranças seriam mais que só dois ou três bilhetes trocados, seriam milhares e milhares de fotos e vídeos. Sei que não falo muito isso, mas acho que se olhar bem, vocês conseg

E viva Vinícius.

Abre os olhos devagar, se dá por conta que mesmo depois de dozer horas de sono, ainda está imprestável devido ao show da noite anterior...e que show! Levanta devagar e vai escovar os dentes. Toma um belo café da manhã. Liga pra alguns amigos, assite um filme, lê, recebe alguns e-mails, toma um belo banho. Cochila por uns vinte minutos. Acorda com melhor disposição e põe-se a escolher uma roupa adequada, preparando-se pra noite que ainda está por vir. Faz tudo cantando alto ao ritmo da música, com um sorriso no rosto. Separa os pertences e come algo antes de sair. E apesar das dores nas pernas e na coluna, tem uma vontade incrível de sair e festejar com os amigos, pra completar o dia. Porque hoje é sábado! Natália Albertini.
Novamente, desculpem-me pela baixa na produção de meus textos, é que meus dias têm sido um tanto quando complicados. Enfim, show do AC/DC ontem INDESCRITIVELMENTE INCRÍVEL. Angus Toca muuuuuuuuuuuito, Malcom canta muuuuuito, todos foram MARA, amei demais! A única coisa que desanda o ritmo um tiquinho hoje é pensar que, no fim, foi tudo ao contrário... É, não é pra entender mesmo, nem eu sei direito. Enfim, assim que der escrevo algo útil aqui. Beijos enormes. Natália Albertini.

Little bit of hell.

Tudo à minha volta era fogo. Chamas, labaredas, fogo, fogo e mais fogo. Eu mesma estava em chamas por completo. Gritava, expelia ruídos indefiníveis, pedindo para que parassem de atear fogo em meu pobre corpo. Que minha alma sentisse tal excruciante dor, mas meu corpo não, não merecia queimar daquele jeito. De repente minha respiração falhou e o oxigênio parecia se recusar a passar por minhas veias respiratórias. O cabelo grudava em meu rosto e nuca quando comecei a vomitar tosses e tentativas frustradas de trazer o ar para dentro de meus pulmões. Alguém começou a me espancar as costas. Sem forças para protestar, apenas virei o rosto e olhei minha agressora. Entreabri os olhos até então cerrados e o que vi foi minha mãe me chamando calmamente. - Quê? - e soltei uma arfada que ar quente, enfim conseguindo roubar algum oxigênio para mim. - Tudo bem? - Quê?! Me dei conta, por fim, que o lençol estava umedecido, a camiseta grudada em mim e o shorts jogado no chão, do outro lado do quarto.

Vertigo.

O sol reluzia em sua pele, a camiseta preta parecia reter mais luz do que o usual, porque lhe queimava as costas, a calçada já parecia dura demais e a parede, pedregosa em excesso para que recostasses suas costas ali. Mas apesar daqueles fatores externos, o rapaz continuava ali, firme, divertindo-se com amenidades, esperando as horas que não passavam. Uma de suas bandas preferidas se apresentaria naquela noite. Mas, meu Deus, ainda eram duas da tarde, faltavam exatamente oito horas para os portões serem abertos... Ai, que agonia... Foi então que seu fluxo de consciência se interrompeu completamente. Por um ou dois segundos, seu cérebro se ocupou com um intenso branco e sua respiração falhou. A boca lhe pareceu seca, as mãos, de repente molhadas, a camiseta preta ainda mais quente (o que antes lhe tinha parecido impossível). Seus negros olhos não conseguiam desgrudar da figura que se aproximava gradativamente, em passos calmos e seguros, indiferentes a ele. Era ela. Pôs-se de pé num pul

Filhos indisciplinados.

A porta do meu quarto é aberta com um estalo sutil, levanto os olhos e vejo minha mãe. Com as mãos atrás do corpo, escondendo algo, ela me diz: - Olha, só porque você é uma menina muito responsável e adorável, merece um agrado. Põe as mãos à frente e me mostra um prato com pururuca (sim, causa uma puta indigestão, mas é tão gostoso...). Sorrio para ela, e enquanto pego o prato, ela continua, com um tom de censura: - Ná, olha aqui pra mim. Olho. - É sério... Espero que conclua. - Já chega, tá? Cara de interrogação. - Já deu de estudar. - Ah...isso. - É, já chega, tá? Reticências. Volto aos estudos. Uma ou duas horas mais tarde, ela volta a meu quarto, com um tom pesaroso: - Filha, numa boa...já não chega por hoje? - Não, mãe, não dá. Tô testando a capacidade de armazenamento da minha massa encefálica. Sabia que tudo que aprendemos é gravado no cérebro e que as funções involuntárias, como respirar, são controladas pelo bulbo, e que... Ela suspira e, profundamente decepcionada, comovida c

Casmurra.

Saibam que este será um dos textos mais complicados (em todos os sentidos) que já escrevi até hoje, portanto, perdoem-me erros gramaticais, pleonasmos, antíteses e qualquer outro equívoco, é só que... É só que eu me econtro perdida, reclusa, trancafiada em mim mesma. Ando assim meio enmimesmada, metida pelos cantos comigo mesma. Machado que me perdoa as citações, mas essa minha metafísica eclodiu justamente em meio à releitura de meu livro de cabeceira. Nos últimos dias, cílios e mais cílios têm se desprendido de minhas pálpebras. Daí, parto para duas reflexões, só não sei se paralelas, exclusivas ou complementares. A primeiro é a de que meus olhos estão aflitos por encontrarem algo que já não sabem mais onde procurar, e em meio a esse desespero em que se encontram, já chegaram a tal ponto (sim, eu sei que é Caetano) de expulsar até mesmo sua proteção ciliada. A segunda consiste numa necessidade tão grande de fazer, de realizar desejos, que até mesmo meu corpo já se deu conta disso, em
"Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá lá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde. Mas falta eu mesmo, e esta lacuna é tudo." Machado descreveu para mim perfeitamente este momento. Nada mais a dizer. Beijo, Natália Albertini.

Borbolínea.

O astro dourado brilhando no alto, as nuvens escondidas do outro lado do planeta, a rede parada, estática na varanda longínqua, o barulho da piscina ainda mais longe, o cheiro de carvão queimando desde as nove da manhã, a grama seca, mas ainda verde, o ar rarefeito, difícil de ser respirado, o biquíni meio úmido, a sensação do algodão da canga debaixo das costas, o cabelo jogado de qualquer jeito, o peito subindo e descendo de forma profunda e relutante, reclamando da escassez de oxigênio, e ela ali, deitada sozinha, naquele calor que tornava o mundo todo uma imensa TV de cachorro, pensando nas idas e vindas da vida, tornando-se quase que ela mesma uma própria gramínea, ou borboleta. Como preferir. Ps.: calor pra caraaaaca, mas assim que é bom. (H) Natália Albertini.

Pôr-do-Sol

O cheiro dos bancos couriáceos misturado ao ar condicionado ocupava todo o interior o automóvel importado. O Sol de fim de tarde passava pelos vidros, tornando realmente necessário o uso dos óculos escuros por ambos. O carro era guiado através de ruas calmas, bem arborizadas, e tinha como destino a Praça do Pôr-do-Sol. Aparentemente, ele dirigia calmo, e ela só olhava pela janela com um sorriso de canto, despreocupada. Internamente, montanha-russa de ambos os lados. Subindo e descendo, girando em loopings insanos. As pernas, que o vestido deixava à mostra, pareciam não encontrar maneira certa de ficarem: retas, pareciam desleixadas; cruzadas, muito vulgar; joelhos distanciados, muito masculinas; joelhos fechados, tímida demais. E os braços? Ai, meu Deus, os braços! Cruzados, ao lado do corpo, no colo ou um mexendo no cabelo e outro encostado no vidro? "Será que eu escolhi a roupa certa? Será que eu falei demais ou ri muito alto? Oh, céus, será que...?" , pensava a garota, en
Sem entranhas para colocar para fora no momento. Fazendo trabalho de matemática. Fim de semana muito proveitoso com direito a primas e Mark. Assim que der vontade, posto. Desculpem-me por estar tão relapsa, sério. Tenho estado so damn busy... Amanhã tem festa de Halloween da Skill, estarei lá (of course). Take care you, guys. And visit boys' blog! ( http://teen-action2.blogspot.com ) Bisous. Natália Albertini.

D.

Passava à tinta todas as trinta e três linhas que tinha escrito à lápis na folha de almaço a ser entregue para a professora de Biologia. Tinha a cabeça deitada sobre o travesseiro que havia colocado em cima da mesa, para maior conforto. O que a deleitava era o leve sussurro da caneta tocando o papel, imprimindo as letras, quando a gata deu um pulo do chão e foi direto à mesa, fazendo com que a caneta borrasse a folha. - Aaaaah, meniina! - mas não pôde conter um leve sorriso de canto e acariciar o animal enquanto procurava o líquido corretivo no estojo. Ps.: não, não tem continuação nem metáfora nenhuma. É bobo assim mesmo. Simplesmente o dia de hoje adicionado às saudades da minha Duquesa. Natália Albertini.

O meu não, o meu é ótimo!

- So, guys, what's your reaction when your computer doesn't turn on, or your internet doesn't work? - Aaaaah, teeeacher, I hate it! My computer ALWAYS does that! I always go crazy, mad and get reeeeally pissed off! The teacher laughed softly, but then commented: - Oooh, c'mon! You're overreacting! The other student continued: - Of course not, teacher! He's right! I feel like kicking it to see if it will work! A third one completed: - Yeeeah! Aaaargh, it knocks me out! It drives me mad! The three of them said almost together: - Yeah, yeah, that's right. The teacher, after laughing a bit, got her book. But while she was doing that, the fourth student, who had kept silence during all the debate, finally said: - Teacher, I don't get like that. My PC is great, it never shuts down while I'm using it, it never breaks - and smiled a little. It's obvious that the three other students glimpsed at him (with lasers). And it's also obvious that the teache

Velocidade de Concentração.

Debaixo da luminária de mesa, respirando quase que imperceptivelmente, deixou as pálpebras se fecharem, permitiu que a mente vagasse por alguns momentos. Os sete livros estavam abertos sobre a peça de marfim que usava como mesa. Sua cabeça estava deitada, seus cabelos jogados, na página 229 do livro de Química, na parte de velocidade das reações. Foi obrigada a tirar aquele pequeno "cochilo", se é que se pode chamar assim apenas o descanso dos olhos, quando viu o nome do capítulo. Foi preciso permitir-se alguns momentos a sós com sua própria mente, ousando até alguns movimentos que alcançaram lembranças boas que eram trazidas pelo cheiro de livro que as narinas inalavam a cada inspirada profunda que dava. Depois de alguns instantes, quando a posição passou a provocar-lhe dor nas costas e no pescoço, retomou a postura, respirou fundo umas duas ou três vezes mais e pegou de volta o marca-texto na mão, trazendo de volta a vontade de estudar (?) e a concentração (1g/mol. E ai qua
As amoras estão de fato se tornando parte fundamental da minha vida. Hoje mesmo, ao lado de duas grandes amigas minhas, rapei galhadas e galhadas duma amoreira. (h) Passem bem. Beijos. Natália Albertini.

Amoreira.

Desviou os olhos da página em branco, fechando, sem ter coragem de lançar um último olhar, o livro que tinhas em mãos: estava acabado. O que a preenchia agora era aquela sensação antagônica, inexplicável que se sucedia quando se terminava uma obra, qualquer que fosse. Deitou o amontoado de paginas a seu lado virado para baixo, incapaz de enfiá-lo de uma vez na bolsa, bem como olhar sua capa, o que, com certeza, provocaria irresistível vontade de começar a ler tudo de novo, só pelo prazer de reviver a trama. Alongou as costas, puxando os braços acima da cabeça, esticando a blusa que momentaneamente descobriu-lhe a cintura. Enquanto se encompridava, suas mãos tocaram algumas folhas do galho mais baixo da árvore em que se recostava. Tornou a cabeça para cima e dirigiu os olhos ao local de suas mãos, enxergando o que seus dedos não tinham visto: pontinhas pretas arroxeadas despontando do amontoado de verde. Não pôde impedir que o canto direito de sua boca subisse, formando um sutil sorriso
É muita babaquice pular o dia todinho só por estar feliz porque EU VOU NO SHOW DO AC/DC? Pois é... Sendo ou não... EU VOU NO SHOW DO AC/DC! *-* Beijos. Natália Albertini.

Turn your mobile off, please.

Outros julgariam aquela posição muito estranha e improvável para alguém assistindo a um filme num cinema, mas para ela era confortabilíssima. As personagens mexiam-se com tanta fluidez, que qualquer movimento de suas próprias mãos lhe parecia absurdamente bruto. Por um momento desligou-se do contexto do filme e passou a fixar-se nas personagens em si, nosvestuários, na maquiagem, nos cabelos, nos pequenos detalhes do cenário que passam despercebidos aos olhos da maioria. Prendeu-se à trilha sonora, àquela música tranquila. Alguma melodia que longinquamente se parecia com Anya Marina. Prestou atenção em cada detalhe da cena à sua frente, destacando pontos que alguém jamais notaria. Simplesmente pelo puro prazer de ver, cega, o que os outros, ditos portadores da visão, nunca veriam. Fazendo o papel de quem sabe uma segunda Joana, esquecida de qualquer Otávio e muito mais de qualquer Lídia, perscrutou-se, redescobrindo os nós dos dedos, tensos, amarrados uns nos outros, aflitos com o deco
Tinha escrito umas boas duas páginas, mas não gostei e deletei tudo. É isso que chamam de escrever, certo? Natália Albertini.

Dorme, Ná. Mamãe te chama quando chegar em casa.

Fim de festa. Minhas pálpebras pesam, difícil resistir. Estendo meus braços gordinhos na mesa enfeitada e adormeço. Trevas. Pontinhos de luz penetrando meus cílios. Papai me carrega enquanto se despede de todo mundo. Estou cansada, finjo que estou completamente adormecida, com o pescoço mal ajeitado, a cabeça jogada no ombro dele e os braços largados ao lado do corpo de qualquer jeito, enquanto meu par de All Stars número 26 balança nas mãos de mamãe, a meu lado, despedindo-se de titia. Papai me leva até o carro. Quando chega, com muita agilidade abre uma das portas traseiras e me ajeita no banco. Fecha a porta e dá a volta no carro, tomando seu posto de motorista enquanto mamãe ajeita-se no banco do passageiro com as incontáveis Tapawers contendo pedaços de torta, salgadinhos, brigadeiros, bolos e afins. A viagem de volta pra casa começa. Me posiciono da melhor forma para um sono bem aproveitado. Porque o melhor sono é esse. Esse do banco traseiro desse Santana azul, quando tomo conta

Areia.

Sacada preenchida por brisa. Rede balançando sutilmente, no embalo das ondas que ecoavam ao longe. Um braço pendurado para fora, os dedos enganchados na orelha de um livro. Silêncio marítimo. Cheiro salgado e respiração tranqüila. Sonhos em preto leve, delicado. Louça no escorredor de pratos. Mesa arrumada. TV desligada e lápis no chão, ao lado do sofá. Sono envolvendo todos os corpos. Era assim que eram observados: com enorme ternura e carinho. Quanto ao corpo que dormia na rede, era tão corpo que passava a ser só espírito, leve, quase que flutuando. As preocupações tinham sido levadas embora. Só sobrava aquele gosto de saliva seca e palavras herméticas de Clarice Lispector nas pálpebras agora fechadas, absorvendo as idéias e se identificando cada vez mais com elas. Dezembro. Meus dezembros... Natália Albertini. Ps.: dica de música de acompanhamento: "Exploration", da trilha sonora da Coraline que, a propósito, é um filme lindo.
O mar lambendo a areia, o sorvete, o açaí, Perfil 2, Imagem e Ação, os filmes, o sofá-cama aberto, a rede, a varanda, a brisa, o chuveiro, a beliche, a cozinha apertadinha, o ventilador de teto da sala, o apartamento no segundo andar, as escadas, o elevador tão antigo, os bancos na entrada do prédio, o portão, o asfalto quente, a árvore da esquina, o gótico, o calor, o amor platônico de Havaianas, o pastel, o protetor, a Fê reclamando da areia grudada no corpo, as caminhadas, o calçadão, as pessoas, as pranchas, as estrelas, os carros com música alta, a Rio de Janeiro, chegar tarde depois de andar na Pitangueiras, as pedaladas infinitas, o chuveiro lá de baixo, a padaria, a farmácia, as sonecas no meio da tarde depois de tomar muito sol e nadar, o vôlei ao pôr-do-sol, os convites a umas voltinhas num invejável Eclipse, os caras-enchidas, as naves-espaçonaves etc. De tudo isso sinto muita falta agora. E só tô torcendo pra esse feriado continuar com esse tempo maravilhoso pra poder volta

O que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa.

Acho que dizer que eu estou dilacerada é um mero eufemismo. Desde quarta-feira, venho experimentando um humor ótimo. Os dias esquentando, o Sol despontando na minha janela, meus alunos satisfeitos, aumento de carga horária, confiança, estudos demasiados e o que mais importa, satisfação minha, felicidade comigo mesma. Hoje não foi diferente, mas o sonho de ontem á noite me mostrando seu rosto pela zilionésima fez com que uma pequena pontada de sei-lá-eu-o-que me perturbasse a manhã toda. Não que tenha feito meu humor mudar, mas desceu um ou dois degraus. Agora chego em casa e esse sentimento de nostalgia adicionado a certa raiva (acho que é isso, não consegui definir) me faz olhar algumas fotos suas atuais. E o que mais me dói é que você é completamente outra pessoa e eu, aparentemente, já não faço mais parte da vida dela. Sua face parece mais emblemática do que nunca. As sobrancelhas meio caídas, bem como os ombros. E o que me machuca, o que me dilacera é saber que eu não sei mais te d

Spinning Heads (num movimento centrípeto acelerado...Não, espera...)

Outro de meus pequenos prazeres: ficar à deriva, vegetando (briófitas não tem vasos condutores...Pteridófitas, angiospermas e gimnospermas são traqueófitas) na frente do computador, simplesmente ouvindo Coldplay, sem sequer balbuciar os versos (redondilho menor, cinco versos, rendondilho maior, sete) que sei de cor. Mas o que acompanha esse meu pequeno deleite (leite...lactose...) hoje não é agradabilíssimo (superlativos): perceber o quanto medo, desprezando as tais medidas preventivas, esse semestre já começou a me dar. Num misto de cansaço, reflexões excessivas, nostalgia precoce e, admito, certa empolgação, já que sou uma das adeptas ao modelo de vida sem-tempo-para-nada, me deparo com uma maré vermelha que é causada pela proliferação das algas... Ai, não, calma. Digo...me deparo com uma maré de sentimentos antagônicos, porém complementares (sim, complementares...as raízes imaginárias sempre vêm acompanhadas de suas conjugadas). Não sei se isso tudo é por ser adolescente, mulher (é,

F.

Ela afastou os lábios dos dele, olhou-o aos olhos e fez um beicinho, com cara de pensativa. Ele se manteve calado, apenas a observando, admirado, enquanto ela se ajeitava em seu colo. Até que ela quebrou o silêncio: - Você tem fumado, né ? Ele abaixou os olhos, como que envergonhado, e enfiou a mão no bolso. - Não faz isso, você acaba com seus pulmões... Ele tirou a mão de dentro do bolso e mostrou o último cigarro que tinha por perto. Com um movimento dos dedos, quebrou o pequeno objeto bicolor e o jogou na lareira. Ela fixou os olhos na lenha e os deixou ali, repassando a cena mentalmente. Tinha vontade de rir e ao mesmo tempo de beijá-lo. Pensou em como aquela cena poderia dar um filme se eles se comunicassem melhor, quem sabe até falassem a mesma língua, se a lareira estivesse acesa e se um maquillador tirasse algumas sutis imperfeições de seus rostos. Entretanto, aquele ato fora tão...tão...particularmente engraçado na vida real. Foi delicadamente cômico , e lhe provocou a repe

Caixinhas, caixinhas, minhas caixinhas.

Recostou-se numa parede e revirou o cabelo de qualquer forma, só para tirá-lo do rosto. As pernas não conseguiam parar de se mover ao ritmo do reggaeton no último volume. Apoiou as mãos na cintura e depois as passou à nuca, pendurando-as ali. Varreu quase que toda a casa noturna com seus olhos então acinzentados. Viu um grupo de amigos recém-feitos dançando, viu argentinos pulando, cantando e bebendo. Viu os lasers indo e vindo pelo ambiente, iluminando uns e outros, tornando os olhares felinos. Bem, alguns até mesmo lupinos... Viu e ouviu tudo aquilo e tentou ao máximo arquivar até os mínimos detalhes em seu departamento de memórias agradáveis. Se pudesse, guardaria tudo aquilo numa caixinha vermelha com um laço branco. E quando sentisse vontade de voltar, era só desfazer o laço, abrir a caixinha e, tum, pular ali dentro. Numa fisgada pesada, percebeu que não estava mais na festa tão animada, mas, sim, em casa, em sua própria cama. Droga, estava sonhando de novo... Que saudades de tud

Peter Pan

Entre as sombras das árvores, a luz do Sol consegue se esgueirar e iluminar pequenas partes do painel. Sobe devagar pela sua mão esquerda, que guia o carro, quase lhe alcançando o cotovelo. Deixa-lhe a pele ainda mais branca, embora me pareça impossível. Seu cabelo está um pouco bagunçado na nuca, levando meus olhos a alcançarem seu pescoço e seu maxilar. Subo. Sua boca, seu nariz e um Ray Ban espelhado. Desço. Seus ombros que fazem a camiseta esticar informalmente. Você fala com tanta naturalidade, mas também aprecia tanto quanto eu não me calo. Por vezes apoia os óculos acima do joelho na perna direita, que gracinha. Enquanto eu olho pelo retrovisor, tentanto evitar teu embalo, você fica cantarolando Elvis baixinho, e me faz tomar consciência novamente da aura de pozinho mágico que te envolve. E mesmo agora, depois de certo tempo, aquele pozinho ainda me faz cócegas ás vezes. E eu juro que poderia voar se fosse como todas as outras... Ps.: back from the paradise. Although I'm not
Well, I'm outta here for a week or so. Deleitem-se com minha ausência. Beijos. Natália Albertini.

Pamonhas da Rua Miranda.

- Temos cural e pamonha. Pamonha fresquinha, pamonha caseira. É o puro creme do milho verde. Venha prova, minha senhora, é uma delícia. A voz mecanizada começava a sussurrar: o carro tinha entrado na rua, à altura do número 500. Mas a casa em que estava era a 52, estava longe, embora a falta de movimento dali permitisse que as ondas sonoras alcançassem seus ouvidos. O peito subia e descia num ritmo descontínuo, irregular. Os cabelos da nuca estavam encharcados. A pele reluzia com o sol que invadia o cômodo pela janela. Pelo canto do olho conseguia ver o jeans surrado, jogado sobre alguns azulejos manchados. Via também a camisa xadrez rasgada Deu uma arfada de desprezo e, pigarreando uma ou duas vezes, dirigiu a palavra à coisa que estava estatelada à sua frente: - É, você me deu um belo dum trabalho... Deveria se orgulhar disso - e sorriu ligeiramente. A cozinha em que se encontrava era escura. Preferia aqueles tons que sujavam menos para seus ambientes de trabalho prediletos. O balcão
Estou com um sério bloqueio (leia-se por falta de inspiração/ideias). Desculpem-me. Posto assim que tiver um insight. Beijos. Natália Albertini.

Sala de Espera.

Sala de espera de dentista. Homem dos seus quarenta anos. Mulher jovem e bonita. Ela folheia uma Cruzeiro de 1950. Ele finge que lê uma Vida dentária . Ele pensa: que mulherão. Que pernas. Coisa rara, ver pernas hoje em dia. Anda todo mundo de jeans. Voltamos à época em que o máximo era espiar um tornozelo. Sempre fui um homem de pernas. Pernas com meias. Meias de náilon. Como eu sou antigo. Bom era o barulhinho. Suish-suish. Elas cruzavam as pernas e fazia suish-suish. Eu era doido por um suish-suish. Ela pensa: cara engraçado. Lendo a revista de cabeça para baixo. Ele: te arranco a roupa e te beijo toda. Começando pelo pé. Que cena. A enfermeira abre a porta e nos encontra nus sobre o carpete, eu beijando o pé. O que é isso?! Não é o que a senhora está pensando. É que entrou um cisco no olho desta moça e eu estou tentando tirar. Mas o olho é na outra ponta! Eu ia chegar lá. Eu ia chegar lá. Ela: ele está olhando as minhas pernas por baixo da revista. Vou descruzar as pernas e cruzar

Pulsos mordidos, olhos secos.

Vou me saturando de periferia, mas ainda me falta o centro, minhas bases, meus pilares (que agora mais me parecem de areia). Á beira de outro colapso encontra-se meu meio, mas minhas extremidades parecem ainda vibrar com as amenidades que me alegram parcialmente, disfarçando o mar que por dentro se contém. Por que a distância? A droga da distância... Por que tudo isso voltando, surgindo, indo e voltando tão à tona? Bem, acabei de massacrar ambos meus pulsos de tanto mordê-los, espero que sangrem bastante, que chorem no lugar de meus olhos, já tão cansados. E até agora não consegui nomear isso que tô sentindo. Um sentimento de raiva misturado com...ai, não sei o que é! Droga. Scheizer, scheizer, scheizer! E juro que nessas horas me dá uma vontade enorme de explodir que nem a Fera faz, emitindo luzes dos pés e das mãos (?) até virar príncipe. Mas ai eu podia virar eu mesma, mesmo, só que sem toda essa reviravolta por dentro. Puta inferninho isso, viu? Te contar... Natália Albertini.

Entre e tome uma xícara de café, mas por favor não me pergunte da Deusa.

Abriu a janela e deixou os raios de sol inundarem o chão lígneo do cômodo . Apoiou-se no parapeito e aproveitou para fazer um attitude , acompanhando os últimos segundos da música clássica que ressoava por todo o seu quarto, proveniente das grandes caixas sonoras. Depois disso deu uma pirueta e sentou-se graciosamente na cadeira de rodinhas , girando-a, ficando de frente para a tela do computador, de frente para a tela branca do Word que normalmente lhe parecia tão deprimente, já que as palavras demoravam-lhe a sair e os dedos pareciam tropeçar nas teclas. Fazendo jus ao colã , à meia-calça e às sapatilhas que vestia, ajeitou-se numa posição quase que felina , aparentemente impossível para qualquer um que não fosse bailarino há tantos anos quanto ela. Tirou o elástico do cabelo e tornou a prendê-lo, melhor que anteriormente. Começou a digitar, os dedos dançando, como ela o havia feito alguns momentos atrás, sobre o teclado, simplesmente fazendo jorrar na tela palavras que nem a mente