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Mostrando postagens de julho, 2009
Well, I'm outta here for a week or so. Deleitem-se com minha ausência. Beijos. Natália Albertini.

Pamonhas da Rua Miranda.

- Temos cural e pamonha. Pamonha fresquinha, pamonha caseira. É o puro creme do milho verde. Venha prova, minha senhora, é uma delícia. A voz mecanizada começava a sussurrar: o carro tinha entrado na rua, à altura do número 500. Mas a casa em que estava era a 52, estava longe, embora a falta de movimento dali permitisse que as ondas sonoras alcançassem seus ouvidos. O peito subia e descia num ritmo descontínuo, irregular. Os cabelos da nuca estavam encharcados. A pele reluzia com o sol que invadia o cômodo pela janela. Pelo canto do olho conseguia ver o jeans surrado, jogado sobre alguns azulejos manchados. Via também a camisa xadrez rasgada Deu uma arfada de desprezo e, pigarreando uma ou duas vezes, dirigiu a palavra à coisa que estava estatelada à sua frente: - É, você me deu um belo dum trabalho... Deveria se orgulhar disso - e sorriu ligeiramente. A cozinha em que se encontrava era escura. Preferia aqueles tons que sujavam menos para seus ambientes de trabalho prediletos. O balcão
Estou com um sério bloqueio (leia-se por falta de inspiração/ideias). Desculpem-me. Posto assim que tiver um insight. Beijos. Natália Albertini.

Sala de Espera.

Sala de espera de dentista. Homem dos seus quarenta anos. Mulher jovem e bonita. Ela folheia uma Cruzeiro de 1950. Ele finge que lê uma Vida dentária . Ele pensa: que mulherão. Que pernas. Coisa rara, ver pernas hoje em dia. Anda todo mundo de jeans. Voltamos à época em que o máximo era espiar um tornozelo. Sempre fui um homem de pernas. Pernas com meias. Meias de náilon. Como eu sou antigo. Bom era o barulhinho. Suish-suish. Elas cruzavam as pernas e fazia suish-suish. Eu era doido por um suish-suish. Ela pensa: cara engraçado. Lendo a revista de cabeça para baixo. Ele: te arranco a roupa e te beijo toda. Começando pelo pé. Que cena. A enfermeira abre a porta e nos encontra nus sobre o carpete, eu beijando o pé. O que é isso?! Não é o que a senhora está pensando. É que entrou um cisco no olho desta moça e eu estou tentando tirar. Mas o olho é na outra ponta! Eu ia chegar lá. Eu ia chegar lá. Ela: ele está olhando as minhas pernas por baixo da revista. Vou descruzar as pernas e cruzar

Pulsos mordidos, olhos secos.

Vou me saturando de periferia, mas ainda me falta o centro, minhas bases, meus pilares (que agora mais me parecem de areia). Á beira de outro colapso encontra-se meu meio, mas minhas extremidades parecem ainda vibrar com as amenidades que me alegram parcialmente, disfarçando o mar que por dentro se contém. Por que a distância? A droga da distância... Por que tudo isso voltando, surgindo, indo e voltando tão à tona? Bem, acabei de massacrar ambos meus pulsos de tanto mordê-los, espero que sangrem bastante, que chorem no lugar de meus olhos, já tão cansados. E até agora não consegui nomear isso que tô sentindo. Um sentimento de raiva misturado com...ai, não sei o que é! Droga. Scheizer, scheizer, scheizer! E juro que nessas horas me dá uma vontade enorme de explodir que nem a Fera faz, emitindo luzes dos pés e das mãos (?) até virar príncipe. Mas ai eu podia virar eu mesma, mesmo, só que sem toda essa reviravolta por dentro. Puta inferninho isso, viu? Te contar... Natália Albertini.

Entre e tome uma xícara de café, mas por favor não me pergunte da Deusa.

Abriu a janela e deixou os raios de sol inundarem o chão lígneo do cômodo . Apoiou-se no parapeito e aproveitou para fazer um attitude , acompanhando os últimos segundos da música clássica que ressoava por todo o seu quarto, proveniente das grandes caixas sonoras. Depois disso deu uma pirueta e sentou-se graciosamente na cadeira de rodinhas , girando-a, ficando de frente para a tela do computador, de frente para a tela branca do Word que normalmente lhe parecia tão deprimente, já que as palavras demoravam-lhe a sair e os dedos pareciam tropeçar nas teclas. Fazendo jus ao colã , à meia-calça e às sapatilhas que vestia, ajeitou-se numa posição quase que felina , aparentemente impossível para qualquer um que não fosse bailarino há tantos anos quanto ela. Tirou o elástico do cabelo e tornou a prendê-lo, melhor que anteriormente. Começou a digitar, os dedos dançando, como ela o havia feito alguns momentos atrás, sobre o teclado, simplesmente fazendo jorrar na tela palavras que nem a mente

Envelopes (muito bem) Selados

Debruçada nas costas inclinadas de um colega, tinha o pescoço esticado e a face virada para a esquerda, observando atentamente aquele que detinha então a atenção de (quase) todos os presentes. Na frente de uma multidão de sabe-se lá quantas cabeças sobre um minúsculo palco de menos de 5m de comprimento, o rapaz falava sobre os três anos passados juntos com todos os que estavam atrás dele e também à sua frente, os chamados mestres. Falava sobre as experiências boas e ruins, os abraços e beliscões, as gargalhadas e os muitos minutos de sono. Falava sobre como cada um daqueles tinha sua própria importância, formando um tudo excepcional. Enquanto aquelas palavras povoavam o ambiente externo, a garota, numa posição desconfortável, deixou os olhos vagarem e ecoarem dentro dela milhões de outras reflexões, das quais muitas esqueceu-se logo depois, como sempre ocorre. Mas ainda se lembra que refletiu sobre o próprio garoto que tinha o microfone em mãos, sobre a garota dos cachinhos ao lado del