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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Costas.

Seu próprio reflexo a encarava do espelho. Os cabelos caíam mais de um lado. Ele, com a cabeça abaixada, mordia de leve seu ombro, por detrás dela. Os corpos pressionavam-se um contra o outro. Uma das mãos dele apertou-lhe o seio esquerdo com enorme força, fazendo-a fechar os olhos com intensidade e arquear os lábios sobre os caninos. Quando se recuperou da onda de calor e do arrepio, voltou a olhar para o espelho. Encontrou os olhos esverdeados dele a fitá-la fixamente. Tudo o que via no reflexo era seu corpo, até a faixa do umbigo, e, por trás de si, os olhos dele sobre seu ombro, seus braços que passavam por sua frente, beliscando uma ou outra parte de sua cintura, e suas pernas, por fora das suas próprias. As batidas da bateria e as cordas gritantes de guitarra berravam nas caixas de som. O quarto era envolvido em penumbra. Ele ergueu o rosto e mostrou o maxilar bem aberto, de dentes bem formados. Ela ergueu o cabelo, levou a mão esquerda dele a seu seio e o induziu a apertá-lo com

Verme.

O trem metálico deslizava pelos túneis escuros, silencioso. Eu tinha a cabeça encostada no vidro, séria. Um cheiro acre me chamou a atenção. Farejei algo diferente, com certo nojo. Não precisei correr os olhos pelo vagão, de cara o vi parado no meio do corredor, fixo. Devia ter por volta de um metro e meio de altura. Sua pele era translúcida, seus cabelos, pesados e negros, e os olhos verde-escuro, de pupilas dilatadas. Tinha manchas vermelhas e arroxeadas na região dos cotovelos e da nuca. Sua aparência era debilitada, doente, embora o sorriso contido não desgrudasse seus lábios desbotados. Ele não me olhou diretamente, mas eu sabia que havia me visto e era isso que o fazia sorrir. Endireitei o corpo e senti meus lábios arquearem-se sobre meus caninos em repulsa, despropositadamente. Um demônio num corpo de um menino. They were back in town. Pensei que precisava avisar Andreas o mais rápido possível, mas isso foi só um vislumbre de pensamento, pois o cheiro daquele verme, súdito do ve

Tsunami

Eu saía da água com o cabelo respingando em minha cintura e a pele úmida . O Sol lambia a imensidão de areia da praia. Eu andava de volta para a esteira e a canga . Eles quatro conversavam animados. Um deles tinha o corpo quase tão úmido quanto eu. Ele se postava de pé, de costas pra mim, mexendo as mãos em seu jeito tão característico . Os ombros morenos e caninos me davam segurança. Eu podia imaginar-lhe os olhos castanho-escuro esquadrinhando os que sentavam-se na esteira, pensando mil coisas num milésimo de segundo. O segundo enrolava-se numa toalha, com os olhos de fora, fazendo os outros três rirem profundamente. As pernas esticavam-se à areia. O terceiro rapaz tinha os ombros avermelhados, provavelmente ardidos. Olhava de soslaio para o segundo, expressando toda e qualquer partícula de sentimento e reação às falas por meio de sobrancelhas arqueadas e repuxadas de pescoço. Ela... Bom, ela tinha na perna um laço cor-de-rosa amarrado e, no braço esquerdo, uma imagem semelhante a