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Mostrando postagens de novembro, 2009

Tão nossas.

Uma era filha única e pequeneninha, outra tinha uma irmã mais nova e ria com efizemas pulmonares, outra tinha os cabelos bem curtinhos e um sorriso encantador, enquanto uma outra lutava judô e amava os animais. Uma quinta tinha uns olhos de Capitu e franjinha, outra tinha luzes no cabelo e quilos de roupa da Puma, enquanto uma outra tinha uns cachos compridos e curtia um rock pesado. Mesmo com tantas diferenças, as sete se reuniam todas as manhãs, nos dois intervalos, para trocar reclamações, risadas ou esperanças. Já era dezembro. Meu Deus, já era dezembro... Mas elas não pareciam se afetar pelo clima nostálgico que rondava a todos, elas pareciam saber que suas peculiaridades, quando formando aquele coletivo, valia mais que qualquer distância ou tempo. E por mais que de fato, em algum momento, se separassem, as lembranças seriam mais que só dois ou três bilhetes trocados, seriam milhares e milhares de fotos e vídeos. Sei que não falo muito isso, mas acho que se olhar bem, vocês conseg

E viva Vinícius.

Abre os olhos devagar, se dá por conta que mesmo depois de dozer horas de sono, ainda está imprestável devido ao show da noite anterior...e que show! Levanta devagar e vai escovar os dentes. Toma um belo café da manhã. Liga pra alguns amigos, assite um filme, lê, recebe alguns e-mails, toma um belo banho. Cochila por uns vinte minutos. Acorda com melhor disposição e põe-se a escolher uma roupa adequada, preparando-se pra noite que ainda está por vir. Faz tudo cantando alto ao ritmo da música, com um sorriso no rosto. Separa os pertences e come algo antes de sair. E apesar das dores nas pernas e na coluna, tem uma vontade incrível de sair e festejar com os amigos, pra completar o dia. Porque hoje é sábado! Natália Albertini.
Novamente, desculpem-me pela baixa na produção de meus textos, é que meus dias têm sido um tanto quando complicados. Enfim, show do AC/DC ontem INDESCRITIVELMENTE INCRÍVEL. Angus Toca muuuuuuuuuuuito, Malcom canta muuuuuito, todos foram MARA, amei demais! A única coisa que desanda o ritmo um tiquinho hoje é pensar que, no fim, foi tudo ao contrário... É, não é pra entender mesmo, nem eu sei direito. Enfim, assim que der escrevo algo útil aqui. Beijos enormes. Natália Albertini.

Little bit of hell.

Tudo à minha volta era fogo. Chamas, labaredas, fogo, fogo e mais fogo. Eu mesma estava em chamas por completo. Gritava, expelia ruídos indefiníveis, pedindo para que parassem de atear fogo em meu pobre corpo. Que minha alma sentisse tal excruciante dor, mas meu corpo não, não merecia queimar daquele jeito. De repente minha respiração falhou e o oxigênio parecia se recusar a passar por minhas veias respiratórias. O cabelo grudava em meu rosto e nuca quando comecei a vomitar tosses e tentativas frustradas de trazer o ar para dentro de meus pulmões. Alguém começou a me espancar as costas. Sem forças para protestar, apenas virei o rosto e olhei minha agressora. Entreabri os olhos até então cerrados e o que vi foi minha mãe me chamando calmamente. - Quê? - e soltei uma arfada que ar quente, enfim conseguindo roubar algum oxigênio para mim. - Tudo bem? - Quê?! Me dei conta, por fim, que o lençol estava umedecido, a camiseta grudada em mim e o shorts jogado no chão, do outro lado do quarto.

Vertigo.

O sol reluzia em sua pele, a camiseta preta parecia reter mais luz do que o usual, porque lhe queimava as costas, a calçada já parecia dura demais e a parede, pedregosa em excesso para que recostasses suas costas ali. Mas apesar daqueles fatores externos, o rapaz continuava ali, firme, divertindo-se com amenidades, esperando as horas que não passavam. Uma de suas bandas preferidas se apresentaria naquela noite. Mas, meu Deus, ainda eram duas da tarde, faltavam exatamente oito horas para os portões serem abertos... Ai, que agonia... Foi então que seu fluxo de consciência se interrompeu completamente. Por um ou dois segundos, seu cérebro se ocupou com um intenso branco e sua respiração falhou. A boca lhe pareceu seca, as mãos, de repente molhadas, a camiseta preta ainda mais quente (o que antes lhe tinha parecido impossível). Seus negros olhos não conseguiam desgrudar da figura que se aproximava gradativamente, em passos calmos e seguros, indiferentes a ele. Era ela. Pôs-se de pé num pul

Filhos indisciplinados.

A porta do meu quarto é aberta com um estalo sutil, levanto os olhos e vejo minha mãe. Com as mãos atrás do corpo, escondendo algo, ela me diz: - Olha, só porque você é uma menina muito responsável e adorável, merece um agrado. Põe as mãos à frente e me mostra um prato com pururuca (sim, causa uma puta indigestão, mas é tão gostoso...). Sorrio para ela, e enquanto pego o prato, ela continua, com um tom de censura: - Ná, olha aqui pra mim. Olho. - É sério... Espero que conclua. - Já chega, tá? Cara de interrogação. - Já deu de estudar. - Ah...isso. - É, já chega, tá? Reticências. Volto aos estudos. Uma ou duas horas mais tarde, ela volta a meu quarto, com um tom pesaroso: - Filha, numa boa...já não chega por hoje? - Não, mãe, não dá. Tô testando a capacidade de armazenamento da minha massa encefálica. Sabia que tudo que aprendemos é gravado no cérebro e que as funções involuntárias, como respirar, são controladas pelo bulbo, e que... Ela suspira e, profundamente decepcionada, comovida c

Casmurra.

Saibam que este será um dos textos mais complicados (em todos os sentidos) que já escrevi até hoje, portanto, perdoem-me erros gramaticais, pleonasmos, antíteses e qualquer outro equívoco, é só que... É só que eu me econtro perdida, reclusa, trancafiada em mim mesma. Ando assim meio enmimesmada, metida pelos cantos comigo mesma. Machado que me perdoa as citações, mas essa minha metafísica eclodiu justamente em meio à releitura de meu livro de cabeceira. Nos últimos dias, cílios e mais cílios têm se desprendido de minhas pálpebras. Daí, parto para duas reflexões, só não sei se paralelas, exclusivas ou complementares. A primeiro é a de que meus olhos estão aflitos por encontrarem algo que já não sabem mais onde procurar, e em meio a esse desespero em que se encontram, já chegaram a tal ponto (sim, eu sei que é Caetano) de expulsar até mesmo sua proteção ciliada. A segunda consiste numa necessidade tão grande de fazer, de realizar desejos, que até mesmo meu corpo já se deu conta disso, em
"Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá lá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde. Mas falta eu mesmo, e esta lacuna é tudo." Machado descreveu para mim perfeitamente este momento. Nada mais a dizer. Beijo, Natália Albertini.

Borbolínea.

O astro dourado brilhando no alto, as nuvens escondidas do outro lado do planeta, a rede parada, estática na varanda longínqua, o barulho da piscina ainda mais longe, o cheiro de carvão queimando desde as nove da manhã, a grama seca, mas ainda verde, o ar rarefeito, difícil de ser respirado, o biquíni meio úmido, a sensação do algodão da canga debaixo das costas, o cabelo jogado de qualquer jeito, o peito subindo e descendo de forma profunda e relutante, reclamando da escassez de oxigênio, e ela ali, deitada sozinha, naquele calor que tornava o mundo todo uma imensa TV de cachorro, pensando nas idas e vindas da vida, tornando-se quase que ela mesma uma própria gramínea, ou borboleta. Como preferir. Ps.: calor pra caraaaaca, mas assim que é bom. (H) Natália Albertini.

Pôr-do-Sol

O cheiro dos bancos couriáceos misturado ao ar condicionado ocupava todo o interior o automóvel importado. O Sol de fim de tarde passava pelos vidros, tornando realmente necessário o uso dos óculos escuros por ambos. O carro era guiado através de ruas calmas, bem arborizadas, e tinha como destino a Praça do Pôr-do-Sol. Aparentemente, ele dirigia calmo, e ela só olhava pela janela com um sorriso de canto, despreocupada. Internamente, montanha-russa de ambos os lados. Subindo e descendo, girando em loopings insanos. As pernas, que o vestido deixava à mostra, pareciam não encontrar maneira certa de ficarem: retas, pareciam desleixadas; cruzadas, muito vulgar; joelhos distanciados, muito masculinas; joelhos fechados, tímida demais. E os braços? Ai, meu Deus, os braços! Cruzados, ao lado do corpo, no colo ou um mexendo no cabelo e outro encostado no vidro? "Será que eu escolhi a roupa certa? Será que eu falei demais ou ri muito alto? Oh, céus, será que...?" , pensava a garota, en