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Mostrando postagens de outubro, 2010

BIC

O computador ligado, quinhentas páginas de internet abertas em diferentes sites relacionados a diferentes assuntos. Livros da biblioteca e comprados abertos sobre a mesa. Papéis espalhados. Caneta azul imprimindo letras gordinhas no caderno. Cachos em reviravoltas e óculos no topo da cabeça. Meia-noite e meia. Ps.: ebaaa, adoro acordar com olheiras! *-* E isso não é ironia! Natália Albertini .

Azulejos.

A rasa luz prateada da meia-noite lambia os azulejos da cozinha. Ela tinha os olhos injetados, vermelhos, os cabelos revirados e os dedos tamborilando a mesa. Levantou de súbito e abriu a primeira gaveta do balcão de forma violenta e descuidada, fazendo todos os talheres e a própria gaveta caírem ao chão, embaralhados. Com mãos trêmulas, ela achou a maior e mais afiada das facas. Com as costas na parede, sem parar pra repensar sobre aquilo, ela levou a lâmina à altura do queixo e, sem conseguir fechar os olhos, rasgou o pescoço da esquerda à direita num movimento brusco só. Os membros enfraqueceram, o corpo tremeu convulsivamente até cair sentado desconfortavelmente no chão branco, agora tingido com aquele visco rubro-negro. O luar dava um brilho poético e apetitoso para a cena suicida. Ps.: dica de música pra acompanhar esse texto: Internal Primates Forever, do Mudvayne. Ps2.: cansei de brincar de amigdalite, comofäs// Natália Albertini.

Marshmallow.

Eu aqui, sentada nessa cadeira de rodinhas , digitando nesse laptop sobre essa mesa improvisada nesse meu quarto lilás. Esse meu iTunes seleciona Sparks , desse meu Coldplay tão conhecido. Sou arremessada de volta ao ano passado, nesse mesmo período de outubro , quando me preocupava tanto com vestibulares e provas por vir. E eu achava que aquela era uma das épocas mais difíceis da minha vida... Esse cheiro de marshmallow e essa maciez do meu travesseiro invadem meus dois sentidos favoritos . Ps .: " every step that you take could be your biggest mistake (...) that 's the risk that you take ". Natália Albertini .

Tato.

Eu ia fazer um texto poético e narrativo, ia me descrever sentada naquela sala de estar tão espaçosa, descalça, sentindo a textura do sofá florido sob meus pés e a cortina batendo bem de leve em minha nuca. Só que ai eu lembrei que a TV não está mais lá, e foi aí que as lágrimas começaram a saltar de meus olhos mais uma vez. Sabe, eu suprimo essa dor todo dia, a cada olhar não lacrimenjante e a cada sorriso que forjo. A cada "sim" que respondo pra cada "tudo bem?" que me perguntam. Mas tem dias que não consigo simplesmente engolir, tenho que vomitar de novo essas vísceras já, infelizmente, familiares. A chuva que cai agora é fina e incisiva. Tenho vontade de sair no seu quintal e sentir essa água me lavar, queria ter a fé da Evey, queria acreditar que você, vô, pode estar na chuva. Assim, nos tocaríamos mais uma vez. Fui à sua casa domingo. Quando chegamos, meu pai foi ao banheiro e me deixou sozinha naquela imensidão da sua casa. Meus dedos, por vontade própria, fo

Poliglota

Os cabelos lhe caíam ao rosto, desembaraçados e insistentes. A coluna não tinha boa postura: se inclinava para que as mãos pudessem trabalhar melhor. Concentrava-se de forma pesada na foto que começava a aparecer no papel gelatinado imerso na bacia de revelador. O cronômetro batia os primeiros dez segundos da leve agitação que ainda devia ser levada até um minuto e vinte a mais. Ela tinha o corpo envolto pelo ambiente rasamente iluminado por alguns spots de luz vermelha . Sentiu, então, outro corpo pressionar-lhe contra a bancada. Outro pescoço pressionar-lhe o seu. Ele inalou o ar com força, enquanto ela arfou. Ambos sorriram. As mãos dele eram voluptuosas e rápidas. Acharam logo o caminho de sua cintura e, então, por dentro de suas pernas, beliscando-as bruscamente. Ela jogou um dos braços para trás e puxou-lhe com força os cabelos da nuca. Antes do cronômetro alcançar os nove minutos, os corpos já se enroscavam felinamente , rasos , vermelhos. Madrugada a dentro. Muitas vezes