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Mostrando postagens de agosto, 2009

O que os astrônomos diriam se tratar de um outro cometa.

Acho que dizer que eu estou dilacerada é um mero eufemismo. Desde quarta-feira, venho experimentando um humor ótimo. Os dias esquentando, o Sol despontando na minha janela, meus alunos satisfeitos, aumento de carga horária, confiança, estudos demasiados e o que mais importa, satisfação minha, felicidade comigo mesma. Hoje não foi diferente, mas o sonho de ontem á noite me mostrando seu rosto pela zilionésima fez com que uma pequena pontada de sei-lá-eu-o-que me perturbasse a manhã toda. Não que tenha feito meu humor mudar, mas desceu um ou dois degraus. Agora chego em casa e esse sentimento de nostalgia adicionado a certa raiva (acho que é isso, não consegui definir) me faz olhar algumas fotos suas atuais. E o que mais me dói é que você é completamente outra pessoa e eu, aparentemente, já não faço mais parte da vida dela. Sua face parece mais emblemática do que nunca. As sobrancelhas meio caídas, bem como os ombros. E o que me machuca, o que me dilacera é saber que eu não sei mais te d

Spinning Heads (num movimento centrípeto acelerado...Não, espera...)

Outro de meus pequenos prazeres: ficar à deriva, vegetando (briófitas não tem vasos condutores...Pteridófitas, angiospermas e gimnospermas são traqueófitas) na frente do computador, simplesmente ouvindo Coldplay, sem sequer balbuciar os versos (redondilho menor, cinco versos, rendondilho maior, sete) que sei de cor. Mas o que acompanha esse meu pequeno deleite (leite...lactose...) hoje não é agradabilíssimo (superlativos): perceber o quanto medo, desprezando as tais medidas preventivas, esse semestre já começou a me dar. Num misto de cansaço, reflexões excessivas, nostalgia precoce e, admito, certa empolgação, já que sou uma das adeptas ao modelo de vida sem-tempo-para-nada, me deparo com uma maré vermelha que é causada pela proliferação das algas... Ai, não, calma. Digo...me deparo com uma maré de sentimentos antagônicos, porém complementares (sim, complementares...as raízes imaginárias sempre vêm acompanhadas de suas conjugadas). Não sei se isso tudo é por ser adolescente, mulher (é,

F.

Ela afastou os lábios dos dele, olhou-o aos olhos e fez um beicinho, com cara de pensativa. Ele se manteve calado, apenas a observando, admirado, enquanto ela se ajeitava em seu colo. Até que ela quebrou o silêncio: - Você tem fumado, né ? Ele abaixou os olhos, como que envergonhado, e enfiou a mão no bolso. - Não faz isso, você acaba com seus pulmões... Ele tirou a mão de dentro do bolso e mostrou o último cigarro que tinha por perto. Com um movimento dos dedos, quebrou o pequeno objeto bicolor e o jogou na lareira. Ela fixou os olhos na lenha e os deixou ali, repassando a cena mentalmente. Tinha vontade de rir e ao mesmo tempo de beijá-lo. Pensou em como aquela cena poderia dar um filme se eles se comunicassem melhor, quem sabe até falassem a mesma língua, se a lareira estivesse acesa e se um maquillador tirasse algumas sutis imperfeições de seus rostos. Entretanto, aquele ato fora tão...tão...particularmente engraçado na vida real. Foi delicadamente cômico , e lhe provocou a repe

Caixinhas, caixinhas, minhas caixinhas.

Recostou-se numa parede e revirou o cabelo de qualquer forma, só para tirá-lo do rosto. As pernas não conseguiam parar de se mover ao ritmo do reggaeton no último volume. Apoiou as mãos na cintura e depois as passou à nuca, pendurando-as ali. Varreu quase que toda a casa noturna com seus olhos então acinzentados. Viu um grupo de amigos recém-feitos dançando, viu argentinos pulando, cantando e bebendo. Viu os lasers indo e vindo pelo ambiente, iluminando uns e outros, tornando os olhares felinos. Bem, alguns até mesmo lupinos... Viu e ouviu tudo aquilo e tentou ao máximo arquivar até os mínimos detalhes em seu departamento de memórias agradáveis. Se pudesse, guardaria tudo aquilo numa caixinha vermelha com um laço branco. E quando sentisse vontade de voltar, era só desfazer o laço, abrir a caixinha e, tum, pular ali dentro. Numa fisgada pesada, percebeu que não estava mais na festa tão animada, mas, sim, em casa, em sua própria cama. Droga, estava sonhando de novo... Que saudades de tud

Peter Pan

Entre as sombras das árvores, a luz do Sol consegue se esgueirar e iluminar pequenas partes do painel. Sobe devagar pela sua mão esquerda, que guia o carro, quase lhe alcançando o cotovelo. Deixa-lhe a pele ainda mais branca, embora me pareça impossível. Seu cabelo está um pouco bagunçado na nuca, levando meus olhos a alcançarem seu pescoço e seu maxilar. Subo. Sua boca, seu nariz e um Ray Ban espelhado. Desço. Seus ombros que fazem a camiseta esticar informalmente. Você fala com tanta naturalidade, mas também aprecia tanto quanto eu não me calo. Por vezes apoia os óculos acima do joelho na perna direita, que gracinha. Enquanto eu olho pelo retrovisor, tentanto evitar teu embalo, você fica cantarolando Elvis baixinho, e me faz tomar consciência novamente da aura de pozinho mágico que te envolve. E mesmo agora, depois de certo tempo, aquele pozinho ainda me faz cócegas ás vezes. E eu juro que poderia voar se fosse como todas as outras... Ps.: back from the paradise. Although I'm not