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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Coleção de insetos.

O barulho pesado e incisivo da água gelada batendo no pequeno toldo transparente sob o qual várias pessoas se espremiam não tirou a concentração dele. Tinha a calça encharcada até os joelhos, a camiseta respingada e o cabelo bastante molhado, apesar de ter chegado até ali debaixo de seu guarda-chuva. Espremia os olhos castanhos para conseguir enxergar o pequeno pontinho amarelo e saltitante a bons metros de distância, que se aproximava. Enquanto os cabelos loiros eram ensopados e os pés daquele mesmo corpo pulavam alegremente nas poças de água, o observador viu, além dela e através da cortina de chuva á sua frente, uma época quase remota, onde brincara com aquela criança, onde trocaram confidências, onde se faziam visitas e levavam escondidos em seus casacos alguns insetos para completarem ambas as coleções. Com um relâmpaço cortando o céu, ele finalizou os devaneios, deparando-se com a bela figura loira, agora bem mais encorpada e formosa, já com a mesma idade dele. Olhou para a moça

Liquidificador.

Sinceramente, não sei bem do que se trata tudo isso. Algo está fora do lugar, ou esse algo acaba de encontrar seu lugar, não sei ao certo. Tenho refletido tanto e tanto nesses últimos dias, tudo me parece filosófico, e o mundo inteiro parece estar percebendo isso em mim. Eu devo estar exalando algum tipo de odor especialmente atrativo ou devo estar com alguma aura extremamente dourada e visível sobre minha cabeça, porque de todas as pessoas pelas quais eu passei ontem e hoje, no mínimo quarenta me olharam com a mesma cara, uma cara de espanto. Ainda só não consegui distinguir se é um espanto bom ou um ruim. Hoje eu saí de casa e todo mundo me seguiu com os olhos. Sejá lá pura impressão minha ou talvez verdade, isso anda me incomodando. Não que eu goste de passar despercebida, mas, não sei, tem algo errado comigo. O dia inteiro pareceu estranho, foi completamente ausente de emoções, se é que me entendem. Os únicos momentos em que sorri foram por pura educação, para cumprimentar alguém q

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Torcia para que o vidro que a separava da velha á sua frente fosse suficientemente grosso. Sabia que se decepcionaria, mas persistiu, levando a mão de encontro à da anciã. Tocaram-se pelo vidro, tornando a repulsa maior. Ela, bem como a idosa, escorregou a mão para o lado esquerdo do vidro e enfiou seus dedos entre este e a parede, constatando o que já sabia: o espelho era incrivelmente fino. Ps.: back. Natália Albertini.