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Mostrando postagens de agosto, 2016

Mendigos.

Ele era o que chamamos de mendigo. Um dos mais pobres. Sentava numa mureta da esquina, com as roupas maltrapilhas e malcheirosas, rotas. Tinhas a muletas também apoiadas à mureta, enquanto descansava sua única perna. Tinha uma toca à cabeça e cabelos muito ralhos e grisalhos. A vida não lhe tinha sido leve. Tinha o feito sujo, desgraçado e pobre. Muito pobre. À sua frente, contudo, sentava um cachorro. Um vira-lata, assim como ele mesmo. Com o pelo indefinido e até meio grisalho. Se postou ali e ali ficou. Sentado, encarando o mendigo. Encarando. Encantado. Sua admiração crescia e crescia, naqueles pequenos olhinhos cintilantes. Era tão visível que arrancou do mendigo um grande sorriso. O mendigo lhe estendeu a mão. Ele lhe estendeu a patinha direita em retorno. Os dois ficaram se encarando, de mãos dadas, infinitamente. Os dois seres mais ricos do mundo.