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Mostrando postagens de setembro, 2015

Lupo.

Era sempre naquele mesmo horário, quando a luz já quase sumiu do céu, e você não sabe ao certo se o seu dia já está acabando ou se ainda está sonhando, que eu, todos os dias, trocava olhares com ele. Ele quase sempre me correspondia. E quando não o fazia, ah... Que dor... Meu dia acabava ali mesmo. Ele tinha pra ele um quintal sujo e escuro, um portão já bastante enferrujado, e quase nenhuma atenção. Exceto talvez a minha, que ultrapassava o limite de qualquer outro pedestre que por ali passava, aposto. Eu atravessava a rua e andava por aquela calçada ansiosa por vê-lo, ansiosa por brincar de quem desvia o olhar primeiro (eu sempre perdia). E quando eu chegava ao portão daquela casa... Mal sei explicar o sentimento que me acometia. Meu amigo era bastante grande e muito peludo. Os pelos eram escuros, e o fucinho, bem longo. Se assemelhava muito mais aos seus parentes lupinos que a outros cães.  Os olhos, contudo, assemelhavam-se aos de humanos. Cheios de significados ocultos. Oblíquos,