Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2010

Cochilo de camarão.

O astro-rei se pondo, tingindo o céu de salmão alaranjado. As luzinhas voadoras se acendendo, naquele esplendor entômico. A varanda cheia de folhinhas trazidas pela brisa. As lâmpadas ainda apagadas. As redes balançando suavemente com o vento. O colchão jogado de qualquer forma num dos cantos, próximo a uma das redes, perto da porta da casa. E em cima dele, sobre uma canga colorida, um ser humano. O corpo à mostra, vestindo um simples biquíni vermelho, liso, ainda úmido. Os cabelos numa trança improvisada. As pernas cruzadas, as costas viradas para cima. A cabeça sobre os braços dobrados. Um sutil movimento representava sua respiração. As pálpebras, imóveis, projetavam as sereias e os elefantes oníricos. A mente completamente não sintonizada na garoa que começava a cair, molhando a grama. Aquele véu de sono, se tornando quase que ciente do cheiro de camarão vindo da cozinha. Natália Albertini.

Pobrezinho.

A chuva não cessava nem por um instante e o interior do carro começava a ficar quente demais. - Eu quero tomar chuva - disse a garota, começando a abrir a porta do automóvel. Ele a censurou, segurando-a pelo braço. - Fica aqui dentro, é melhor - e aproveitou para treinar sua voz sedutora enquanto passava voluptuosamente a mão pelas coxas dela. Ela sorriu maliciosamente, lambeu-lhe a orelha e, sem mais palavras, pulou para fora, sentindo a pesada chuva encharcar-lhe. Fechou a porta atrás de si e ficou a deleitar-se com a sensação das pernas sendo molhadas, os chinelos, os shorts e a regata colando-se à pele. Ele saiu e deu a volta no Audi prata, alcançando-a. - Você não é lá muito sensata, não? - abraçando-lhe pela cintura. - Não - e sorriu. - Só disse para ficar dentro porque está muito escuro aqui, dentro do carro parecia mais seguro. E agora molharemos os bancos ao voltar lá pra dentro - sorriu, disfarçando a dor em admitir que talvez danificasse os bancos do seu bebê. Simplesmente n

Easy times.

Estava recostado à parede externa do barzinho, já que não era mais permitido fumar lá dentro. Tinha o cabelo escuro cortado irregularmente meio bagunçado, a mão esquerda no bolso dos jeans e a direita segurando aquele pequeno palito vicioso. Seus olhos vagavam pela rua, vazios de sentimento, mas cheios do constante castanho. A camisa listrada de amarelo e branco estava aberta até o quarto botão, deixando à mostra a camiseta lisa branca que vestia por baixo. A música que vinha lá de dentro era contagiante, e ele podia mentalizar, ou quem sabe até mesmo ouvir, seus amigos entornando as canecas de cerveja e rindo alto. O celular vibrou no bolso de trás da calça. Colocou o cigarro na boca e deu uma tragada enquanto pegava o pequeno e moderno telefone protátil que tinha na tela o aviso de "1 nova mensagem de texto". Apertou a tecla que indicava "ler". A mensagem era: E aí gato? Q vai fazer amanhã? Sdds! Mi liga. Bjs! *; Fechou o celular e o colocou de volto no bolso, log

Mas se te pegam fazendo isso, menina...

Adentrou a papelaria alguns passos atrás de sua mãe. Seus olhos foram atraídos pelas cores vibrantes de alguns post-its, clips e canetas. Se pudesse, viveria numa papelaria... E numa livraria também, claro. Andando entre as prateleiras, à procura de uma pasta com elásticos, deparou-se com uma parte reservada aos dicionários. Seu corpo parou ali instintivamente. Eles eram tão pequenos e coloridos. Suas fontes eram tão bonitas. Suas páginas eram tão brancas. Eles eram tão gordinhos... Ah, não resistiu. Suas mãos, como que se movendo por vontade própria, alcançaram um deles. Seus olhos checaram o local num ângulo próximo a trezentos e sessenta graus, para confirmar que não estava sendo vigiada. E aí aconteceu, ela materializou aquele seu mais íntimo desejo, representante de um dos pequenos prazeres que mais a deleitavam. Não podia se controlar... Ela finalmente aproximou o dicionário de seu rosto, posicionou os dedos sobre suas folhas e, ao folheá-las rapidamente,... Ah... Aí está. Aquele

E se fosse?

O sofá estava apinhado. Os homens, todos uns brutamontes, amontoavam-se para assistir àquele finalzinho de tempo da partida de rugby. Todos ali, o mesmo grupo do ginásio e do colegial. O mesmo da faculdade. O mesmo de anos e mais anos. Alguns torciam para o time de verde, os outros, para o de vermelho. Apesar dos socos, gritos e movimentos bruscos, as canecas não derramavam nem um pouco de cerveja. No sofá, que tinha lugar para apenas três, da esquerda para direita, estavam Roberto, Júlio, Dênis, Álvaro e Paolo, o dono da casa, sentado no braço do acolchoado. Intervalo. Depois de alguns suspiros, goles e pigarreadas, Álvaro deu início à pior parte daqueles encontros: - E aí, Beto, como é que o tá o Renanzinho? Os outros inspiraram fundo e tentaram transmitir calma e força ao amigo. - Ele tá... desanimado. A Thalissa também, é claro... É tudo tão...difícil. Esse câncer nos deixa apavorados, sabem? Nós não sabemos até quando...até quando... - cerrou os dentes e se concentrou para termina

Party everyday. Pa-pa-pa-party everyday!

As estrelas tinham desaparecido há muito, mas o céu ainda tinha certo brilho. Camila olhou para cima e viu os prateados pontos, que mais pareciam segmentos de reta, caindo, umedecendo seu rosto e seus cabelos, bem como as vestes. As pernas estavam frescas, mergulhadas na água, enquanto os braços, apoiados atrás do corpo, sentado na borda da piscina, estavam levemente sendo aguados pela chuva. A música continuava alta lá atrás, os corpos dentro da piscina continuavam se movimentando de acordo com o ritmo, as luzes coloridas continuavam rondando o ambiente e ela continuava com um sorriso de canto. Um par de pés se aproximou, experimentou a água, mergulhou nela. Ao seu lado se sentou Vinicius. Ele a olhou, ofereceu-lhe um copo de conteúdo colorido, e, quando ela rejeito, simpaticamente, ele mesmo tomou um gole da bebida. - Não quis entrar? - a voz dele era melódica, embora por vezes desafinada. - Por que entraria? - Ah, sei lá... A chuva... Quase todas as meninas entraram. - Ah...por isso

Quebra-mar.

Murmúrios, conversas e risadas de todos os lados. Pequenas pedrinhas me irritando a parte debaixo das pernas, acomodadas sobre a mureta. O barulho do mar quebrando, tranquilo e sereno, nas pedras ali embaixo. Mais palavras e sorrisos de todos os lados, mas aqui por dentro, calmaria. Meia-noite, fogos, muitos feliz-ano-novo, abraços e beijos. Individualidade para apreciar os fogos, bebericando um pouco de champagne, apesar desta ser unicamente amarga. Pois é. 2010. 17 anos. Faculdade. Ex-amigos. Ex-amigos? Não, calma, não é o fim do mundo. Ah, é...certo...é só um novo ano. Só? Puta que pariu, é um ano novinho em folha. Mas...engraçado...fiquei uma hora aqui, em silêncio, observando os outros e esperando os fogos, e nenhum balanço de 2009 me passou pela cabeça. Saco, essas pedrinhas estão realmente me enchendo o saco. Pois é... Acho que esse é o ano. Entretanto, nada de butterflies on my stomach, nada de spinning head. Estranho. Isso significa maturidade? Risada contida. Claro que não, i
Preciso lhes dizer que, é, estou em GRANDE dívida. Sei que não escrevo nada descente há semanas, meses, anos, sei lá. É que tudo tem estado tão corrido... Só agora posso dizer que... F-É-R-I-A-S! *-* Desculpem-me não ter escrito nada sobre o Ano Novo, mas ainda vou, acho. Tenho ideia pra uns dois textos que podem (ou não) sair bons. Começa agora uma nova fase da minha vida e...puta...que felicidade e que medo ao mesmo tempo. Nostalgia? Talvez... Mas parece que as amizades foram tão firmes, que não tenho tanto medo de perdê-las. Reconquistei duas, e isso me deixou mais segura. Por enquanto é só ÓCIO-ÓCIO-ÓCIO-ÓCIO-ÓCIO-ÓCIO! Hehehehe. E agoniando enquanto espero o resultado da santa fuvest, né? x.x' Enfim, tô lendo The Bone Collector, do Jeffery Deaver, e O Lustre, da Clarice (aaawn ><"). Vou pra praia amanhã de novo e volto sóóó semana que vem. Qualquer coisa me liguem. Quando voltar, escrevo algo por aqui, tá bem? Cuidem-se! FELIZ 2010! Beijosmil!