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Mostrando postagens de agosto, 2012

Laranja.

O barulho lânguido da água se acalmando e a luminosidade escassa me envolviam. Acima da superfície, somente meus olhos. Abaixo, o corpo inteiro imerso naquela massa morna e líquida. Ao longe, o som dos animais notívagos se escondendo em arbustos. Observei o topo do manto de água balançar devagar. Afundei e olhei à direita. Um enorme e majestoso crocodilo me encarava, preguiçoso. Seus olhos brilhavam arroxeados, e a cauda jazia estática. À minha esquerda, mais deles se aproximavam, nadando rápido, assustados. A massa de água me empurrou inevitavelmente para mais perto de onde o primeiro deles deitava. Ao tentar me esquivar, percebi que ele já havia fugido também. Com toda a rapidez que se pode ter no ambiente submerso, voltei à esquerda. Das profundezas daquele canto, a água se deslocava ainda mais rápido e mais forte, me empurrando, e dois pontinhos alaranjados, mais brilhantes que o dos crocodilos, se aproximavam numa velocidade nauseante. Tomei impulso nos azulejos atrás d

Meu.

O barulho no apartamento era alto demais, o anfitrião talvez até recebesse uma multa por isso. O ambiente, contudo, era delicioso. Vozes animadas, clipes na TV e muita comida e bebida à mesa. Já passavam das três da manhã, e seu organismo que ainda se comportava como o de uma criança clamava por uma cama. Tinha, entretanto, o melhor travesseiro sob sua cabeça de olhos já fechados: o ombro direito dele. O ouvido direito dela captava todo o som da festa, animada demais para aquela hora da madrugada na opinião dos vizinhos. O esquerdo ouvia com carinho as batidas do coração dele sob a polo preta. De cada lado da cabeça, um extremo: bagunça e tranquilidade. O corpo que se fazia de cama para ela se mexia um pouco, suas cordas vocais vibravam com um tom divertido. Ao mesmo tempo, o braço direito dele a envolvia, acariciando suas costelas e espáduas. O mais puro afeto a inundou. Ela o abraçou mais forte. Sentia que... Não. Ela sabia que, se quisesse, poderia dormir naquele ombro p