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01:30am

01:30am. Nina gritou. Cada vez mais alto, cada vez mais agudo, gritou, gritou e gritou:      - Mamãããããããããããeeee!! Aaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Daniela acordou, assustada. O travesseiro molhado de suor frio, a franja colada na testa, o coração pulando, como se fosse lhe rasgar o peito. Sentou na cama rápido. Olhou o relógio: 01:31am. “Caralho, de novo!”, num meio pensamento, enquanto andava para o corredor e se apressava em direção ao quarto de Nina. Pisou de leve no taco perto da porta do quarto dela, porque ele sempre estalava, e ela não queria acordá-la de novo. Abriu a porta bem devagar e silenciosa. Viu o abajur projetando os unicórnios rosa na parede e Nina dormindo profundamente, quietinha, de costas para a porta. Daniela entrou no quarto e agachou ao lado da cama de Nina. Passou a mão nos cabelos curtinhos da nuca dela e suspirou baixo. Nina resmungou algo baixo, mas continuou dormindo. Daniela saiu do quarto se...

Smile, Sunshine.

Haviam duas camas, mas eles se espremiam numa só. A noite tinha sido turbulenta, mas o Sol os poupou, invadindo o quarto pela sacada com uma luz mais fraca que o habitual. Ela abriu os olhos de leve e checou seu travesseiro: um braço forte, tatuado e muito aconchegante. Ela se empurrou um pouco pra trás, se encaixando melhor no corpo atrás do seu, que reagiu abraçando-a mais forte. Era um corpo grande, quente, e tinha um cheiro que ela reconhecia de muito longe. Aos poucos, ele também despertou. Apertou-a nos braços e beijou-lhe a nuca, enroscando suas pernas na dela. Sua mão, pesada, se precipitou por dentro da blusa dela, a única peça que aquele corpo menos quente vestia, acariciando suas costelas e peitos. Depois, desceu novamente, encontrando seu umbigo e, então, o quadril exposto e branco. E então, sim, um pouco mais pra baixo e... Ela se contorceu e gemeu baixo, abrindo o primeiro sorriso da manhã. Foi então sua vez de usar as mãos e fazê-lo sorrir. Por debaixo do cobe...

Madeira.

Ele parou, de joelhos, por cima dela, com o tronco erguido. O pescoço e os ombros eram como rocha esculpida. Amadeirados. O peito largo e questionador arfava. Seu rosto ia limpo, com sentimentos distintos e indefiníveis à mostra. Naqueles míseros segundos, o quarto silenciou. A penumbra encobria os móveis, mas havia certa luz argêntea. As paredes tinham a tinta cinzenta descascada, a cama, os lençóis revirados, e o chão, as roupas. Ele inspirou profundamente outra vez, olhando aquela criatura debaixo de si, com os cabelos estendidos e a pele em chamas. Os olhos vermelhos dela não se desgrudavam dele em nenhum momento. Dos seus cílios, do seu maxilar e dos seus braços. Os sete segundos passados foram o suficiente para ele registrar aquela cena quase notívaga. E então, ele avançou. Enquanto ele lhe rasgava o pescoço e o baixo ventre, fazendo jorrar o visco rubro, num completo frenesi, afogando-a com aquele cheiro sobrehumano e hipnótico, a cabeça dela pendia solta para ...

Colorido.

O cômodo silenciava, escuro. Nenhum aparelho ligado, nem emitindo som algum. Flashes da noite viscosa e vermelha. Preto. Verde. Roxo. Vermelho. E mais vermelho. E ainda mais vermelho. O visco daqueles pescoços latentes era provocativo demais. Ela sabia que deveria parar, mas era incapaz. Se esguiava pela pista de cança pelas sombras, deixando somente alguns trechos daqueles focos coloridos de luz lhe tocarem, no máximo, o braço. Voltou a si. As pernas iam cruzadas no chão, os braços, atrás do corpo, dando suporte a toda sua gula. Sentiu uma gota do seu próprio visco avermelhado pingar em seu peito nu. Olhou pra baixo, observou-o escorrer. O que antes era apetite, agora transformara-se na consciência do abuso. Não deveria ter tomado tanto... Mais uma gota pingando. E outra no colo esbranquiçado e estufado. Encarou seu reflexo no vidro logo à frente. Sua face pálida, seus olhos fundos. Seus lábios gelados. Sangue escorria pelo meio deles. Muito sangue. Todo o san...

Número 1.

A porta se fechou com um baque atrás dele. O que os olhos castanhos dele viam eram os acinzentados dela. E aí, claro, desciam pelo pescoço delgado e o colo apetitoso num decote generoso. Jogou as chaves do quarto sem se importar onde cairiam. Trotou até a cama, arrancando a camisa ferozmente, exibindo os ombros deliciosos. Pegou-a pelos cabelos da nuca e lambeu-lhe o pescoço, enchendo a boca com as línguas. A crina escura e pesada dela corria pelas costas. Ele lhe arrancou a roupa com a velocidade e, principalmente, a fome de um lobo. Os sons emitidos por ambos eram tão animalescos quanto seus movimentos. A boca esbranquiçada de sede dele percorreu o corpo da criatura espalhada pela cama, sentindo a pele dela queimar-lhe a língua. A sexta tatuagem dele e a primeira dela movimentavam-se languidamente. Lamberam-se, morderam-se. Engoliram-se. Canibalismo viscoso. Natália Albertini. 

Suculenta

Ela começou a se vestir: pôs a calcinha e a saia branca de pregas. Ele a admirou por um tempo, ainda deitado, com os cabelos da nuca encharcados. Levantou num ímpeto e postou-se de pé, nu, em frente a ela. Enlaçou-a pela cintura e olhou o reflexo dos corpos dourados colados no espelho à direita deles. Os cachos compridos e claros cobriam os seios bem definidos dela. Ela encarou o reflexo dele. Os olhos do rapaz percorriam suas coxas, cintura e seios, ainda faminto. Por fim fixou-os nos olhos dela, acinzentados. - A gente forma um casal bonito - ele deixou escapar. A palavra "casal" não lhe causou arrepios como antes. Sorriu mediante aos desejos dele. Ele jamais a teria, ela era inatingível, e era isso que a tornava tão suculenta. - Claro que forma - ela respondeu numa voz rouca e em lábios avermelhados e aveludados. Beijou o queixo robusto e barbado dele. Os olhos dos dois reflexos não se desgrudavam, vítreos. Hipnotizado. Mais um. Ela engoliu a própria saliva, que, ao escorr...

Costas.

Seu próprio reflexo a encarava do espelho. Os cabelos caíam mais de um lado. Ele, com a cabeça abaixada, mordia de leve seu ombro, por detrás dela. Os corpos pressionavam-se um contra o outro. Uma das mãos dele apertou-lhe o seio esquerdo com enorme força, fazendo-a fechar os olhos com intensidade e arquear os lábios sobre os caninos. Quando se recuperou da onda de calor e do arrepio, voltou a olhar para o espelho. Encontrou os olhos esverdeados dele a fitá-la fixamente. Tudo o que via no reflexo era seu corpo, até a faixa do umbigo, e, por trás de si, os olhos dele sobre seu ombro, seus braços que passavam por sua frente, beliscando uma ou outra parte de sua cintura, e suas pernas, por fora das suas próprias. As batidas da bateria e as cordas gritantes de guitarra berravam nas caixas de som. O quarto era envolvido em penumbra. Ele ergueu o rosto e mostrou o maxilar bem aberto, de dentes bem formados. Ela ergueu o cabelo, levou a mão esquerda dele a seu seio e o induziu a apertá-lo com...

Verme.

O trem metálico deslizava pelos túneis escuros, silencioso. Eu tinha a cabeça encostada no vidro, séria. Um cheiro acre me chamou a atenção. Farejei algo diferente, com certo nojo. Não precisei correr os olhos pelo vagão, de cara o vi parado no meio do corredor, fixo. Devia ter por volta de um metro e meio de altura. Sua pele era translúcida, seus cabelos, pesados e negros, e os olhos verde-escuro, de pupilas dilatadas. Tinha manchas vermelhas e arroxeadas na região dos cotovelos e da nuca. Sua aparência era debilitada, doente, embora o sorriso contido não desgrudasse seus lábios desbotados. Ele não me olhou diretamente, mas eu sabia que havia me visto e era isso que o fazia sorrir. Endireitei o corpo e senti meus lábios arquearem-se sobre meus caninos em repulsa, despropositadamente. Um demônio num corpo de um menino. They were back in town. Pensei que precisava avisar Andreas o mais rápido possível, mas isso foi só um vislumbre de pensamento, pois o cheiro daquele verme, súdito do ve...

A língua.

Silêncio e a mais pura escuridão. Tentou ao máximo calar a respiração que, ofegante, parecia alta demais ali debaixo, poderia denunciá-lo a qualquer momento. O chão poeirento debaixo da cama lhe fazia querer espirrar. Não, agora, não! Torceu o nariz e deixou os olhos, igualmente irritados, bem abertos. Prendeu a respiração por segundos para apurar os ouvidos. As últimas passadas haviam sido há mais de seis segundos. A adrenalina lhe corria as veias desenfreada, ansiosa, comendo-lhe o sangue. Por sorte, quando havia descido do colchão até ali, o edredon havia descido um pouco, cobrindo seu esconderijo - o mais seguro que pode achar em meio ao desespero dos passos pesados no piso ebúrneo . Uma brisa gelada correu pelo vão deixado entre a coberta suspensa e o chão. Seus pulmões congelaram, seus olhos arregalaram-se ainda mais, a respiração cessou por completo. O edredon começou a ser erguido. Um dedo gelado pecourreu -lhe o corpo do fim da coluna até sua nuca, fazendo-o estremecer. O ed...

De ponta-cabeça.

Ele forçava suas pernas para fora. Ela apoiou-se sobre os braços na pia e envergou o pescoço, deixando a cabeça cair pra trás, encarando seu reflexo embaçado de ponta-cabeça. A pressão no meio de suas pernas fazia a parte inferior de sua virilha se esquentar surpreendentemente. Deixou a cabeça cair ainda mais e então o viu. Ela sentia o peito dele roçar sua cintura e seu abdôme. No reflexo, viu aqueles olhos manchados de vermelho e aquela boca com dentes sujos de visco rubro escalando o meio de seus seios. Ele fincou os caninos ali e fez o sangue escorrer por seu corpo desnudo. Ela não conseguia levantar a cabeça. A sensação simultaneamente gelada e quente a dominava, deixando-a mole. Apertou os próprios olhos e ficou vendo o reflexo ensanguentado e de cabeça para baixo comer-lhe. Natália Albertini.

Sangue ao canto dos lábios.

Três. Ela estava sentada no muro, com as pernas bem abertas, completamente à mostra nos shorts curtos e listrados, e o torso coberto, exceto pelos ombros, com uma camiseta de alguma banda de heavy metal. Seu cabelo estava revirado, abrangente e volumoso. Os lábios, molhados de cerveja, avantajavam-se num vermelho profundo, enquanto que os olhos se acinzentavam. Um de seus braços enlaçava o pescoço de um deles, cuja mão segurava firme e possessivamente sua cintura, com os dedos adentrando a peça listrada. Ele, à direita, tinha um dos joelhos dobrados, mais próximos ao corpo. O cabelo enegrecido contrastava com sua camisa branca. Seu cenho era carregado, seus olhos, avermelhados. Na mão livre, um cigarro fumegante. A fumaça saindo de sua boca. Do outro lado, com uma cerveja na mão, ela tinha o outro apoiado sobre uma de suas coxas. As pernas dos dois perpassavam-se. A mão dele aproximava-se muito da virilha dela, quase ao término dos shorts . Ele tinha os olhos injetados , arroxeado...

Cicatrizes de fogo.

Eu corria as fast as I could . Minhas coxas levavam chibatadas, quase não aguentavam mais. Eu corria, corria, corria. O suor me brotava na nuca, gelado de cansaço. E de medo. Eles estavam atrás de mim. DE MIM! E gargalhavam à minha volta, invisíveis no escuro denso. Meus pés começaram a falhar, mas a inércia ainda não era forte o suficiente para fazê-los parar. Forcei-os mais. As gargalhadas endemoniadas enchiam o ambiente invisível. Era como se eu estivesse vendada e eles rissem ao pé de meus ouvidos, muito próximos, me puxando pelos pulsos, me ordenando que eu ficasse. Os toques e puxões que eu recebia nos pulsos pareciam me queimar a pele. Meus olhos estavam arregalados, meu peito, arfante. Meu corpo pedia descanso, embora a corrente de adrenalina fosse gigante. Me perdia em desespero, pressa, agonia. ELES ESTAVAM EM VOLTA DE MIM, PRESTES A ME PEGAR. Um calor insuportável se alastrava, meu corpo parecia em chamas. Aquela temperatura altíssima e muito vermelha se espalhava pelo ...

Energyless

Ela andava despreocupadamente, com seu gingado habitual, balanço os lisos e curtos cabelos escuros. Sibilava a letra da música que ouvia. Chegou ao terminal de ônibus. Escuridão. Ela arqueou as sobrancelhas e diminuiu o passo, colocando a bolsa mais à frente do corpo. Logo entendeu que a região encontrava-se sem energia. Esquadrinhou o ambiente, apertando os olhos, adaptando-os ao escuro. A claridade do dia já se esvaía por entre as nuvens, mas ainda ajudava a dissipar - ainda que minimamente - o preto generalizado. Os vultos iam e vinham, andando com cuidado para não se esbarrarem. Ela apertou o passo de novo e começou a atravessar o escuro, em busca da outra extremidade, onde a luz do dia, ainda que rala, a ajudaria. Uma voz feminina vindo dos fones sussurrou low battery e desapareceu. Até seu próprio iPod a abandonou. Ela passou a andar ainda mais rápido. Mantinha os olhos à frente, como se usasse o próprio cabelo de cabresto, não ousava olhar para os lados. O escuro ainda era o qu...

Reles Mortais.

Ele surgiu à sua frente, depois de um longo intervalo. Ela abriu os olhos como um passarinho, mas sorriu como um felino. Previsões lógicas. Ele ergueu a mão que segurava a grande faca. Ela não fez objeções , pelo contrário, provocou, dizendo que estava enganado. Ele negou debilmente com a cabeça. Com a lâmina, recortou primeiro seus pés, depois subiu às pernas, descascando a pele delas, enquanto que na virilha fez cortes que deixavam as pernas quase que completamente soltas, como marionetes esquecidas, sem movimento. Chorava de dor e, segundo ele, por ter tanta certeza do que fazia. Ela ficava ali, parada, com um olhar que demonstrava falsa curiosidade, o que o impelia a continuar. E o sorriso que jamais desgrudava -se de seus lábios. Ele fincou a faca no abdôme , vendo o sangue escorrer-lhe corpo abaixo, viscoso, abrindo o apetite dela, que começava a salivar, mas mantinha-se firme, distante. Ele banhou-se no sangue até então obtido, lambuzando o pescoço, os cabelos claros, as sobran...

Veludo adocicado.

Ele fez um sinal com o indicador, mandando-a se aproximar. Ela obedeceu. De lingerie preta e rendada. De gatinhas. Ele abriu mais as pernas, ouvindo a calça de couro estalar. Ela chegou até ele, apoiou as mãos sujas em seus joelhos e se pôs de pé com alguma dificuldade. Embora tivesse uma das maçãs do rosto dilacerada, sorria de maneira felina e sensual, com olhos de pantera. Ajeitou-se e sentou em seu colo. Enquanto ele sussurrava um vocabulário barato e imundo, ela lhe dava a melhor lapdance de sua vida. Rebolava de forma a encaixar os quadris e passava as unhas afiadas por seu tronco desnudo e esbranquiçado . Os dois sorriam enquanto faziam as línguas se entrelaçarem. As unhas dele eram tão pontiagudas quanto as dela. Assim, partículas de pele eram arrancadas das costas, dos ombros e dos peitos de ambos. A escuridão dava espaço para seus corpos avermelhados, cheios de apetite. Ele ergueu a mão e puxou violentamente os cabelos dela, fazendo-a envergar o delgado pescoço para trá...

Pele sob unhas.

Tinha os cabelos avolumados e meio molhados de suor. As pernas cruzavam-se, bem delineadas. Os pés encaixavam-se belamente nos altíssimos saltos. As unhas dos pés estavam pintadas de preto. Os olhos estavam num tom de cobre, agora inertes, mas que demonstravam atividade recente. A roupa bagunçada e meio suja mostrava sua não vontade de levantar-se e trocar-se. Ela tinha o laptop no colo. Digitava aqui e ali. Clicava agora e então. As unhas douradas e brilhosas moviam-se elegantemente pelas pequenas teclas. Uma janela de mensagens instantâneas subiu ao canto inferior direito da tela. Axl says: Hey, baby, sup? Jenny says: Hey. Nthg much, there? Axl says: Nthg much, Thought we could hang out some time. Jenny says: Sure. Axl says: What bout now? R u busy? Ela olhou para o relógio do computador: duas e meia da manhã. Jenny says: Well, no, but u c, it's almost three in the morning. Axl says: I know, but do u have anything better to do right now? Jenny says: Well, no... Axl says: So there...

Azulejos.

A rasa luz prateada da meia-noite lambia os azulejos da cozinha. Ela tinha os olhos injetados, vermelhos, os cabelos revirados e os dedos tamborilando a mesa. Levantou de súbito e abriu a primeira gaveta do balcão de forma violenta e descuidada, fazendo todos os talheres e a própria gaveta caírem ao chão, embaralhados. Com mãos trêmulas, ela achou a maior e mais afiada das facas. Com as costas na parede, sem parar pra repensar sobre aquilo, ela levou a lâmina à altura do queixo e, sem conseguir fechar os olhos, rasgou o pescoço da esquerda à direita num movimento brusco só. Os membros enfraqueceram, o corpo tremeu convulsivamente até cair sentado desconfortavelmente no chão branco, agora tingido com aquele visco rubro-negro. O luar dava um brilho poético e apetitoso para a cena suicida. Ps.: dica de música pra acompanhar esse texto: Internal Primates Forever, do Mudvayne. Ps2.: cansei de brincar de amigdalite, comofäs// Natália Albertini.

Poliglota

Os cabelos lhe caíam ao rosto, desembaraçados e insistentes. A coluna não tinha boa postura: se inclinava para que as mãos pudessem trabalhar melhor. Concentrava-se de forma pesada na foto que começava a aparecer no papel gelatinado imerso na bacia de revelador. O cronômetro batia os primeiros dez segundos da leve agitação que ainda devia ser levada até um minuto e vinte a mais. Ela tinha o corpo envolto pelo ambiente rasamente iluminado por alguns spots de luz vermelha . Sentiu, então, outro corpo pressionar-lhe contra a bancada. Outro pescoço pressionar-lhe o seu. Ele inalou o ar com força, enquanto ela arfou. Ambos sorriram. As mãos dele eram voluptuosas e rápidas. Acharam logo o caminho de sua cintura e, então, por dentro de suas pernas, beliscando-as bruscamente. Ela jogou um dos braços para trás e puxou-lhe com força os cabelos da nuca. Antes do cronômetro alcançar os nove minutos, os corpos já se enroscavam felinamente , rasos , vermelhos. Madrugada a dentro. Muitas vezes ...

Escorrendo.

Andreas puxou os curtos cabelos da moça, fazendo-a envergar a cabeça para trás. Ela gemeu. Ele grudou o corpo no dela, lambendo-lhe o pescoço de baixo a cima, de olhos bem abertos. Ela sorria com a dor, divertida. As mãos corriam pelos corpos despidos, gélidos e ardentes, lisos, acidamente adocicados, alcançando tudo o que viam pela frente. Tocando e arranhando. Xingamentos e maus nomes ecoavam pela derme de ambos, oleosas. O rapaz, sorrateiro, arreganhou o maxilar e fincou os dentes pontiagudos no ombro esquerdo dela, ao pé de seu pescoço. O sangue escorreu frenético e quente. Pastoso, de dar água na boca. Ele sugou com força e desejo, enquanto ainda a possuía carnalmente. A língua dele crescia de acordo com sua vontade, exponencial. Seu pescoço se banhava no sangue dela, bem como seu queixo e as pontas de sua crina. Seus olhos eram escuros e de cílios curtos. Ela não conseguiu expelir um grito sequer, mas pelo menos aproveitou seus últimos momentos com enorme prazer sanguíneo, hemáti...

Mouth-watering.

Belas e longas pernas cruzavam-se, realçadas pela saia curta, preta. Nos pés, botas de altos saltos e cadarços de veludo. Grosso e charmoso coque no topo da cabeça. Nas mãos, um dry martini. Nos olhos, o outro sofá. Os sofás eram ainda mais escuros à rara iluminação do local, baseada principalmente em vermelho e roxo. As batidas da música faziam tremer as paredes, arrancando pequenos pedaços de reboco. Seus olhos eram fixos nele. O rapaz conversava com um dos amigos. Ele tinha os jeans meio rasgados, os tênis de couro, a camisa xadrez meio aberta e aquele pescoço tão lascerante aparecendo, sustentando um dos mais belos rostos já vistos, um maxilar invejável. Ela o encarava, sem sequer tomar outro gole do copo. Ele a viu, encarou-a de volta, enquanto entornou a garrafa de cerveja naqueles lábios tão carnudos. Seu olhar ainda era fixo. Fixo naquela carne cervical que latejava em calor e sangue. Um sorriso beirava o canto de seus lábios, tão úmidos quanto os dele. Os ombros dele esticavam...