Mendigos.

Ele era o que chamamos de mendigo. Um dos mais pobres.
Sentava numa mureta da esquina, com as roupas maltrapilhas e malcheirosas, rotas. Tinhas a muletas também apoiadas à mureta, enquanto descansava sua única perna.
Tinha uma toca à cabeça e cabelos muito ralhos e grisalhos.
A vida não lhe tinha sido leve.
Tinha o feito sujo, desgraçado e pobre. Muito pobre.
À sua frente, contudo, sentava um cachorro.
Um vira-lata, assim como ele mesmo. Com o pelo indefinido e até meio grisalho.
Se postou ali e ali ficou. Sentado, encarando o mendigo. Encarando. Encantado.
Sua admiração crescia e crescia, naqueles pequenos olhinhos cintilantes.
Era tão visível que arrancou do mendigo um grande sorriso.
O mendigo lhe estendeu a mão. Ele lhe estendeu a patinha direita em retorno.
Os dois ficaram se encarando, de mãos dadas, infinitamente.
Os dois seres mais ricos do mundo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Maratona.

Bandeira vermelha.

First Time I: Handling you,standing you.(O namorado canalha,a garota idiota)