Arriverderci.
Eu andava despreocupada pela calçada da larga avenida, sibilando a música que ouvia. Tinha os óculos de sol me protegendo os olhos da claridade infinita e os cachos me caindo em cascata sobre os ombros. Uns dez metros à frente, uma velhinha entrava em meu caminho, vindo em minha direção, vagarosa, com uma bengala, óculos grossos e cabelos adocicadamente avermelhados. - Vamos trocar? - ela me dirigiu a palavra quando passei por ela. Eu a olhei, mais baixa que eu, diminuí o volume, e fiz uma cara interrogativa. Ela prosseguiu: - Eu fico com a sua idade e você, com a minha. Abri um largo e sincero sorriso, olhando-a aos olhos e pondo os óculos no topo da cabeça. - Vamos fazer assim: nós dividimos e ficamos as duas com a mesma idade, que acha? Ela abriu um lindo sorriso de volta, feliz com a sugestão. - Quantos anos você acha que eu tenho? - ela me perguntou. Eu sabia que ela tinha mais de oitenta, mas não era isso que ela queria ouvir, então me curvei à sua expectativa: - Setenta e cinco?...