Tsunami

Eu saía da água com o cabelo respingando em minha cintura e a pele úmida.
O Sol lambia a imensidão de areia da praia.
Eu andava de volta para a esteira e a canga. Eles quatro conversavam animados.
Um deles tinha o corpo quase tão úmido quanto eu. Ele se postava de pé, de costas pra mim, mexendo as mãos em seu jeito tão característico. Os ombros morenos e caninos me davam segurança. Eu podia imaginar-lhe os olhos castanho-escuro esquadrinhando os que sentavam-se na esteira, pensando mil coisas num milésimo de segundo.
O segundo enrolava-se numa toalha, com os olhos de fora, fazendo os outros três rirem profundamente. As pernas esticavam-se à areia.
O terceiro rapaz tinha os ombros avermelhados, provavelmente ardidos. Olhava de soslaio para o segundo, expressando toda e qualquer partícula de sentimento e reação às falas por meio de sobrancelhas arqueadas e repuxadas de pescoço.
Ela... Bom, ela tinha na perna um laço cor-de-rosa amarrado e, no braço esquerdo, uma imagem semelhante a de si mesma. No topo da cabeça de cabelos longos e pesadamente escuros, um par de óculos-de-sol. Com seus traços finos e marcados, observava o diálogo em silêncio.
Por fim cheguei ao ponto onde estavam e me cumprimentaram com sorrisos.
Uma grande tsunami atingiu-me pelas costas, me fazendo mergulhar num mar profundo.
Mesmo sem ar, eu conseguia enxergar a luz do sol brilhando sobre a água.
Eu afundava, contudo.
Afundava e afundava, sem conseguir nadar de volta à superfície.
Meus membros não me obedeciam.
A sensação era boa.
Me deixei afogar naquele mar de afeto.

Ps.: para os meus quatro. Obrigada pelo fim de semana.
Natália Albertini.

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