Areia.

Sacada preenchida por brisa. Rede balançando sutilmente, no embalo das ondas que ecoavam ao longe. Um braço pendurado para fora, os dedos enganchados na orelha de um livro.
Silêncio marítimo. Cheiro salgado e respiração tranqüila. Sonhos em preto leve, delicado.
Louça no escorredor de pratos. Mesa arrumada. TV desligada e lápis no chão, ao lado do sofá.
Sono envolvendo todos os corpos.
Era assim que eram observados: com enorme ternura e carinho.
Quanto ao corpo que dormia na rede, era tão corpo que passava a ser só espírito, leve, quase que flutuando. As preocupações tinham sido levadas embora.
Só sobrava aquele gosto de saliva seca e palavras herméticas de Clarice Lispector nas pálpebras agora fechadas, absorvendo as idéias e se identificando cada vez mais com elas.
Dezembro.
Meus dezembros...

Natália Albertini.

Ps.: dica de música de acompanhamento: "Exploration", da trilha sonora da Coraline que, a propósito, é um filme lindo.

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