Vidros escuros.
Sentindo as gotas d'água caírem de leve em sua face, ela continuava ali, parada na calçada, esperando. Xingou o mau tempo algumas vezes, baixinho. As finas gotículas davam-lhe finos tapas nas pálpebras, nas coxas à mostra e nos braços, idem. Distribui o peso do saudável corpo em ambos os pés, equilibrando-se felinamente nos saltos altos. Revirou o cabelo, úmido . Ajeitou a bolsa no ombro direito. Estendeu o pulso esquerdo: 1h20 da manhã na luminosidade do relógio e ela ali, debaixo daquela garoa , esperando. Ao longe, um carro preto de vidros escuros e som alto virou a esquina. Ela deixou os xingamentos de lado e sorriu de canto, satisfeita e ansiosa pela noite por vir. O carro encostou à sua frente. Ela abriu a porta da frente e se jogou ali, deixando o cabelo e as roupas caírem de uma forma natural, deixando-a espontaneamente bonita. Sorriu majestosamente e cumprimentou aos três rapazes e à outra moça dentro do carro. Abriu a bolsa, tirou a mágica garrafa de água e entornou-a...