Uivos.
Ela fica ali, jogada àquele gramado minimamente verde. Tem nos ouvidos pequenas coisinhas brancas que parecem emitir algum som. E pensar que antes ela só gostava da minha voz... Ela se joga ali, com um trecho da cintura de fora, achando que pode me provocar sem ter o troco, ora essa! Dedilho, então, sua franja, bagunçando -a. Ela, sem nem sequer destrancar os cílios, arruma os cabelos alaranjados de volta e retorna à inércia. Irritado, balanço o topo das solitárias árvores que a cerca, fazendo uma ou outra folha cair aqui e ali. Ela nada, deixa os lábios ali, meio-abertos, me tentando a tocá-los. O faço, secando-os, mas ela passa a língua por eles, umedecendo -os novamente. Passo meus braços, suaves, por seus quadris , arrepiando-a. Ela, que ontem atirou desesperos e desaforos a mim, como um tapa em meu rosto, sorri de canto e, sem muitos movimentos, faz com que o som daqueles pontinhos brancos aumentem. Não! Você deve ouvir A MIM! SOMENTE A MIM! Ora, que penso eu? Me acalmo, a deixo...