Saudades da Bahia

O barulho do mar já ia longe, quase não se ouvia.
Ele abriu o portãozinho, que rangeu lhe dando boas-vindas.
Arrastou o pé com as chinelas já gastas pelo ladrilho do quintal comprido, se esgueirando para passar no corredor estreito sem derrubar os chapéus e redes que tinha na mão.
Lá do fundo da casa, veio correndo Preta, com as patas sujas e o pelo desgrenhado.
- Ôh, Pretinha, cheguei, minha flô - acariciando a cabeça da cadela.
Ela latiu, pulou e se jogou com a barriga para cima, com fome.
- Hoje vai sê o mesmo pão de ontem, visse. Não vendi um chapéu que fosse, Preta.
Sílvio apoiou os badulaques ao chão, com cuidado, e olhou para o céu.
Fechou os olhos que tanto lacrimejavam, cansados da areia.
Abriu os ouvidos e ouviu distante um forró animado, com "ooohs" e "aaaahs" de gente feliz. Quase conseguiu sentir o calor emanando dos casais ouriçados e cheios de cerveja.
Sorriu pequeno e inspirou.
Que saudades da Bahia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Três T's

O Punhal.

O Oceano.