Mídia.


 Alexi Murdoch - Orange Sky
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O sol tornava o ar daquela tarde de agosto rarefeito e de difícil absorção, prejudicando os portadores de bronquite, asma e afins.
A sirene, aguda, aproximava-se da Rua Menderson quase que arrastada e transpirante, bem como os policiais de dentro do carro. Haviam sido chamados uns vinte, trinta minutos atrás pelo vizinho da casa azul, que tinha ouvido os gritos abafados da menina aparentemente deixada sozinha.
Um tumulto silencioso e cauteloso havia se formado na frente da casa, foi avistado pelas duas viaturas e fez com que desligassem o escandaloso aparelhinho vermelho umas três esquinas antes, apenas com a finalidade do possível agressor não ouvir sua chegada.
Os carros bicromáticos estacionaram logo atrás da reunião de quase todos os moradores da cidadezinha. Duas mulheres e um homem que estavam mais para trás do tumulto, logo, mais perto dos policiais, puxaram dois deles e disseram quase que em uníssono:
- Por que demoraram tanto? A menina está sozinha em casa!

O corpo magro, frio e rígido do pré-homem estava por trás do dela. Ele, de forma não convencional, não estava preocupado com seus gritos de desespero e pedidos de ajuda. Deixava-a esguelar-se o quanto quisesse, sua garganta não interfereria no processo.
Havia rasgado-lhe o vestido e lambia suas costas de maneira doentia, praticamente psicótica. Afogava as mãos pela parte interna e frontal das coxas dela, transformava os gemidos em arfadas e apenas a ouvia gritar, era muito mais prazeroso.
Não havia como se soltar dele. Ela estava presa entre uma superfície esquentada pelo sol e a pele molhada e aderente do agressor. Gritava ensadecida, ninguém parecia escutar-lhe, ninguém parecia querer escutá-la.

Os policiais foram conduzidos pelo meio do aglomerado de interioranos ainda mudos, e levados à porta da casa. No total, eram sete, incluindo o delegado. Não que fosse necessária a presença de todos eles, mas como naquela cidade, pelo que eles sabiam, não era cometido crime algum, quando alguém se atrevia a fazê-lo, todos queriam uma pontinha de mérito. O delegado e mais três ficaram fora da casa, apenas observando os outros adentrarem e, por vezes, conversando num volume mínimo com os moradores e, em maioria, vizinhos.

Ela continuava gritando e tentando esquivar-se dele, mas o filho da puta era desgraçadamente grande e forte, não deixava-a escapar de jeito algum. O rapaz emitia sons guturais, fazia movimentos contínuos de vai-e-vém, apertava-lhe intensamente as coxas e prensava-lhe contra a superfície espelhada e quente. "Caralho, que rabo...", ele gemeu no ouvido dela. A garota, irreversível e espontaneamente, sentiu um arrepio de asco acompanhar o fluído interno subir por sua garganta e esparramar-se sobre o queimante espelho azulado. O infeliz mal reparou aquilo, apenas continuou molestando-a divertidamente.
As mãos dela estavam amarradas de forma exuberadamente forte com uma corda felpuda e nova. Os braços estavam dobrados, fazendo com que as mãos tocassem seus seios. O desgraçado a havia prensado. Não conseguia mudar de posição. A parte externa dos antebraços já havia sofrido queimaduras de primeiro grau, as mãos, ela já nem mais sentia. Estavam amarradas de forma desumana pelos pulsos, haviam perdido a circulação havia algum tempo, logo, não sentiu quando o líquido esverdeado e viscoso as tocou assim que escorreu.

Os cômodos estavam todos escuros, mas os policiais ainda ouviam os gritos infantis e o débil pranto escandaloso. Faziam o mínimo ruído possível. Não precisavam das lanternas, uma vez que o dia, além de impossivelmente quente, estava infinitamente claro e iluminava bem a casa. Dois deles estavam ainda no segundo piso. Já haviam passado pelo quarto dos pais, pelo quarto da menina, pelo escritório e pelos dois banheiros, porém, até então, nada. O outro oficial estava no piso inferior. Havia checado a cozinha, a sala de estar, a sala de jantar, mas também nada havia encontrado.
O policial mais velho, com a camisa enfiada por dentro das calças apertadas nas pernas generosamente gordas, com a mão no coldre e fazendo as chaves tilintarem ao andar, estava ainda dentro do escritório. Assim que passou os olhos pela janela que dava para a garagem atrás da casa, viu o carro azul, a garota, o vômito e toda a situação.
- A gente já chegou! - gritou para a menina quase desmaiada.
O policial que estava também no segundo pavimento, estranhou ao ver o colega descer apressadamente os dois lances de escada e acabou por descer junto, chamando também o terceiro que encontrava-se na cozinha.

A menina havia gritado tanto que sentiu, por fim, sua força se esvaindo. Por fim, entregou-se, desmaiou. O rapaz se satisfez por mais algun instantes e, ao perceber que havia desmaiado, largou a garota semi-nua, deixou-a cair no chão e viu o vômito sobre a superfície azul.
- Vadia desgraçada - e chutou-lhe o estômago, fazendo-a cuspir um pouco de um fluído estranhamente avermelhado.
Ouviu um ruído e subitamente se virou com os olhos arregalados, prestes a fugir de qualquer bala ou soco.

- Não se mova! - berrou o policial gordo.

O agressor tinha o músculos enrijecidos e as batidas do coração aceleradas. Espantou-se.

O oficial aproximou-se do carro com cautela. Preocupou-se em não pisar em gosma alguma. Nem encostou no carro. Apenas ficou a fitar a garota estatelada.
- Chamem uma ambulância! Rápido!
O outro policial apressou-se em discar o número da emergência.

O rapaz constatou que a criatura que havia feito o barulho e o havia alarmado não passava de um cachorro velho e mal tratado. Sentiu um arrepio frio percorrer-lhe a espinha e a barriga gelando, ou seja, sentiu os músculos amolecerem, despreocupou-se.
Abriu a porta do carro e entrou, tomando imenso cuidado para não encostar no vômito da menina.

O delegado adentrou a casa correndo e tratou de tirar a garota de cima do carro.
A menina de onze, doze anos havia chego em casa e não havia encontrado a mãe. Subiu no carro para proteger-se de qualquer inseto que tanto temia. Com o tempo daquele jeito, teve um ataque de asma e tosse simultâneas. Vomitou e, sem forças, acabou por desmaiar.

O estuprador fez o motor do Volvo ronronar e deu ré. O automóvel deu um pequeno tranco ao passar por cima das pernas da garota.
Tirou a bolsa do banco do passageiro e a atirou ao chão, junto da menina:
- Fica com ela, filha da puta! E obrigado pelo econtro! Garotas...
A menina havia saído com ele, achando que teria um primeiro beijo perfeito aos quinze anos.
O carro acelerou e seguiu viagem para fora do estado e para dentro de alguma outra vida.

Shoot by Érico Marques.
Natália Albertini.

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