Chantilly.

- Só um pouco, tá?
- Tá - ela disse, risonha.
Ele trocou de marcha e abriu a boca, com a atenção ainda voltada para os carros à frente.
Ela chacoalhou a embalagem cilíndrica que tinha em mãos, sorrindo, e a aproximou dele.
Pressionou a válvula e encheu a boca do rapaz de chantilly ao ponto de ele não conseguir falar.
Jogou a cabeça pra trás, rindo, deleitada com a brincadeira.
Ele não conseguia engolir o leite batido de tanto que ria com ela.
Seus olhos eram escuros, e ele os apertava quando ria. O sorriso dele era tão doce e espontâneo que a dava ainda mais vontade de continuar rindo.
E de continuar ali, naquele carro, fazendo-o rir por muito tempo, até que os abdômes e os maxilares começassem a doer. E até que não houvesse mais asfalto para cobrirem.
E até que não houvesse mais nada.
Só eles e suas bocas cheias de chantilly.

Natália Albertini.

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