Número 1.

A porta se fechou com um baque atrás dele.
O que os olhos castanhos dele viam eram os acinzentados dela. E aí, claro, desciam pelo pescoço delgado e o colo apetitoso num decote generoso.
Jogou as chaves do quarto sem se importar onde cairiam.
Trotou até a cama, arrancando a camisa ferozmente, exibindo os ombros deliciosos.
Pegou-a pelos cabelos da nuca e lambeu-lhe o pescoço, enchendo a boca com as línguas.
A crina escura e pesada dela corria pelas costas.
Ele lhe arrancou a roupa com a velocidade e, principalmente, a fome de um lobo. Os sons emitidos por ambos eram tão animalescos quanto seus movimentos.
A boca esbranquiçada de sede dele percorreu o corpo da criatura espalhada pela cama, sentindo a pele dela queimar-lhe a língua.
A sexta tatuagem dele e a primeira dela movimentavam-se languidamente.
Lamberam-se, morderam-se. Engoliram-se.
Canibalismo viscoso.


Natália Albertini. 

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