Delorean

O céu estava azul claro, quase cinzento, mas com a promessa de alguns raios de sol, como há muito não prometia.
O vento beijava de leve a janela do espaçoso e tranquilo apartamento.
Ela apoiou as duas mãos no parapeito daquela janela, que servia de apoio pra algumas almofadas e já tinha servido de cantinho da leitura.
A cidade se estendia à sua frente, meio cinza, mas com muitas árvores.
Ela girou a cabeça devagar num sentido e depois, no outro. Bocejou e se esticou, ainda despertando.
O cheiro de café lhe aquecia.
A cidade continuava se estendendo, bem como seus pensamentos.
Inspirou devagar e sorriu de canto... Pensar que, há alguns anos, achava que aquilo jamais aconteceria, que ela nunca nunquinha estaria ali...
Riu de leve, sozinha, e bocejou mais uma vez, desdenhando da própria inocência.
Com achou que não conseguiria?
Mais cheiro de café.
Passos leves, descalços, com um leve arrastar de moletom pelo chão lígneo.
Ela sentiu os braços fortes e quentes a envolverem por trás.
Ele apoiou o queixo em seu ombro.
Ela inspirou mais uma vez e recostou a nuca no peito dele.
Eles respiraram devagar juntos.
- Lembra quando eu dizia que nunca ia conseguir vir pra cá? - ela perguntou, com deboche.
- Lembro! E você nunca acreditava quando eu dizia que íamos conseguir - ele riu de volta e beijou-lhe a nuca.
Ofereceu-lhe, então, a xícara de café, que dividiram - old habits die hard.
Eles ficaram assim por mais alguns minutos, até despertarem pra quinta-feira e partirem para seus trabalhos (incríveis, por sinal).
Não esqueceram, é claro, de alimentar Mingau e Jujuba.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Três T's

Uivos.

O Punhal.