As águas de Nina
Hoje era o primeiro dia de Nina de volta à escola. Os últimos meses tinham sido obscuros. Ela se perdeu durante um bom tempo. Nem seus pais, nem sua irmã e nem mesmo Edu conseguiram fazê-la “voltar ao normal”. Ela estacionou atrás da escola, como fazia há tantos anos. Desligou o carro e ficou ali por alguns momentos, respirando fundo. Encarou seus próprios olhos pelo retrovisor. Viu suas olheiras, roxas, e sua testa agora cheia de rugas. Sua pele parecia viscosa. O choro lhe escalou a garganta, e seus olhos encheram. Ela os segurou. Pegou o celular e ligou para Edu. - Oi, amor - ele atendeu rápido. Silêncio do lado dela. O som dela engolindo em seco. Ele respirou fundo do outro lado da linha: - Vai ficar tudo bem. Vamos, você mesmo disse que isso ia te fazer bem. Não tem saudades deles? - Tenho… - trêmula - Então! - paciente - Tente. Tente só por hoje. Assim que tiver o intervalo, me ligue e...