Balão.


Linkin Park - Shadow of the Day


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- Eu não agüento mais.
- Não agüenta mais o quê, Bi?
- Isso.
- ...?
- Isso, Beto, isso!
O rapaz de cabelos curtos e meio cacheados, grandes olhos azuis, pele branquinha e nariz arredondado e pequeno, simplesmente “mordogênico”, como eles costumavam denominar coisas ou pessoas que davam vontade de morder, arqueou as duas finas sobrancelhas e fez uma expressão de “dá pra explicar logo?”. Ela impacientou-se e, de súbito, levantou do sofá. Olhou diretamente para ele, mordeu o cantinho direito da boca, como sempre fazia quando nervosa, meneou a cabeça e disse:
- Isso, Alberto! Eu não agüento isso de você não saber reagir, de você não saber o que eu estou prestes a falar, de você não me saber de cor!
- De não te saber de cor? Mas... Espera aí! Como chegamos aqui? Estávamos falando sobre nossa festa de casamento na praia e, de repente, você me diz isso!
- Não muda de assunto! E você quer saber como chegamos aqui? Eu vou te dizer...
Ele ergueu um pouco o rosto e arqueou novamente as sobrancelhas, esperando, curioso e ansioso, pela resposta de Bianca. Ela prosseguiu um tanto quanto transtornada:
- Chegamos aqui simplesmente porque você parece não saber e não querer saber sobre mim! Você parece fazer questão de estar sempre alheio! Você nem sequer discute comigo! E você não muda! Você sempre repete tudo isso. Foi assim que chegamos aqui!
- Mas, querida...
- Sem “mas”! Você me irrita sendo assim! Que ódio! – ela enfatizou a última palavra com intensidade enquanto dava a volta na mesinha de centro e corria corredor a dentro, logo trancando-se em seu quarto.
As paredes, os guarda-roupas, os lençóis, as fronhas, as almofadas e os edredons eram todos brancos. Tinham decidido deixar tudo monocromaticamente daquela forma porque achavam que branco era uma cor que lhes trazia paz de espírito e tranqüilidade. Entretanto, daquela vez o branco apenas a sufocava ainda mais, o branco a estava fazendo mal. O branco apenas a estava ajudando a sentir o peito explodir e as lágrimas pularem num menor intervalo de tempo.
Chorava por tudo que Alberto não havia feito, para dizer a verdade. O que a enfurecia é que, mesmo após de proferir aquelas palavras, ele nem veio bater na porta ou pedir para entrar.
O que a tirou de seus devaneios que duraram por volta de duas horas, suspiros, lágrimas e resmungos foi o bater da porta frontal da casa. Ouviu o portão lá de fora, depois da garagem, abrindo-se e fechando. Olhou pela janela e já não mais viu o rapaz. Ele havia saído! Fugido da situação! Aquele sem vergonha a pagaria... E do pior jeito possível!
Destrancou a porta e a jogou contra a parede, fazendo-a bater e produzir um estrondo. Caminhou firme e pesada até a sala. Ainda não acreditava que ele realmente havia feito aquilo. A descrença era tamanha que a fez querer arrumar as malas e deixá-lo.
- Quer saber? É isso mesmo que farei! Já aturei o suficiente! – bradou, sozinha.
Ao virar-se de frente para a mesinha de centro, viu um envelope com seu nome. Era a letra dele. Ora essa, era só o que faltava! Aprontou uma dessas e ainda por cima teve a pachorra de escrever uma carta!
Todavia, a curiosidade foi maior e a fez apanhar a carta, sentar-se ao estofado e começar e ler. O que aquela letra que talvez um dia conseguisse ser caprichada dizia era:
Bi, obrigado por ler isso. Não tenho muito para dizer-lhe, mas o que tenho, acho que lhe direi por aqui mesmo.
Bem, você disse que se irrita porque eu não te sei de cor e não discuto com você. Quero dizer-lhe que sim, eu te sei de cor. E é exatamente por isso que eu não discuto com você: porque você sempre tem razão e ainda que não a tenha, me convence de que tem. Porque você não suporta quando as pessoas discordam absolutamente de você.
Pensa que não sei quais são seus sorrisos? Os sei de cabeça. Você tem um sorriso pra quando acorda e vê o dia ensolarado, outro pra quando eu te falo algo que gosta, outro pra quando come aquele seu sorvete preferido de limão, outro pra quando assiste a aquele beijo cinematográfico, outro quando sua mãe fala alguma coisa e você finge concordar e, por último, um outro quando eu digo que te amo.
Pensa que não sei como revira os olhos daquele seu jeito quando você se impacienta? Acha que não sei como você entrelaça seus próprios dedos quando fica entediada? Acha que não sei como abraça o travesseiro pra dormir? Acha que não sei como você balança a cabeça delicadamente de um lado para o outro quando ouve Elvis?
Realmente acha tudo isso?
Ah, meu amor, se você soubesse o quanto eu te amo e o quanto eu só te quero bem. O quanto eu quero viver eternamente só pra te fazer feliz por todo o sempre...
E esqueci de comentar como sei que não dá pra te saber assim tão de cor. Porque você sempre consegue me surpreender.

Assim que eu voltar, se quiser, conversamos. Se não quiser, tentarei entender.
Um beijo cinematográfico pra você, meu bem
.”

Ela redobrou a carta e enxugou algumas lágrimas que haviam lhe umedecido o rosto. Enquanto colocava o papel de volta no envelope, ouviu aquele familiar barulho do chaveiro de Alberto batendo contra a fechadura. Levantou a face e o viu entrando.
Ele fechou a porta atrás de si, trancou-a e aproximou-se dela, apenas observando-a. Não disse uma palavra sequer.
Bianca levantou-se e o abraçou como se não o visse há anos. Sentiu aquela ótima sensação de reconciliação e seu amor cresceu e cresceu, quase fazendo-a inflar como um balão.



Natália Albertini.

Comentários

Anônimo disse…
hmmmm
“mordogênico” xD
espero que eu seja tambem...
bom texto, como sempre.
queria estar junto até pra brigar =/

te quiero
=*

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