Mãos no bolso.

A aula passava de maneira até rápida, mas não saía de sua cabeça a incerteza. Dali a algum tempo estaria voltando pra casa, sem notícias dele por sabia-se lá quanto tempo mais...
O professor de cabelos grisalhos terminava de colocar na lousa a fórmula Q=n.e, quando algo lhe chamou a anteção a seu lado direito. Ao olhar para o professor e ver que este já virava a cabeça em direção às duas figuras, fez o mesmo.
Seu coração tropeçou, pulsando uma vez mais forte e demorando um pouco a retomar a frequência usual. Seus olhos não se encheram de lágrimas porque a pressão que ela fazia contra o maxilar era ainda maior que a vontade de expurgar aquelas ondas salgadas.
Encostado no batente da porta, estava ele. Com os ombros meio caídos, as mãos metidas nos bolsos da calça jeans, o cabelo recentemente cortado, a camiseta, sabia ela, mesmo sem ver, esticada nas costas e o pé esquerdo cruzado sobre o direito, ele já tinha os grandes, escuros e profundos olhos fixados nela, e ela sabia que os dele a haviam encontrado exatamente no momento em que os percebeu.
O canto esquerdo da boca dele subiu levemente, dando-lhe um sorriso torto completamente seguro. Aquele sorriso que a fazia sentir-se em terra firme. Sorriu de volta, sem muita reação.
Logo em seguida, olhou para o outro lado da porta e viu uma outra figura alta e loira. Uma moça de cabelos meio compridos, lisos e olhos encantadoramente azul. Tudo o que lhe faltava para ser considerada um anjo eram as asas e uma auréola. Sorriu para ela também, imensamente feliz em vê-los ali.
Depois disso, por mais uma ou duas vezes os olhares da aluna e dele se cruzaram, e ela se encantava ao perceber que, a cada um daqueles, uma mensagem de carinho e saudades entrelaçados era passada.
Enquanto esperava que a mãe a viesse buscar, conversou um pouco com eles dois, distribuindo sorrisos, mas sem conseguir muito bem o olhar aos olhos. Pois sabia que, se o fizesse, ela teria de se afundar em seu abraço para não cair ao chão, e não queria aquilo naquela hora, portanto simplesmente evitou contato.
Antes dos dois irem embora, foram se despedir dela que ficaria ali por um tempo mais. A moça deu-lhe um abraço e prometeu voltar logo. Assim ele também o fez, porém colocando um pouco mais de intensidade no abraço, como sempre fazia.
Assim que os dois partiram, ela sentiu um pedaço seu sendo levado junto, como se um vazio enorme começasse a se espalhar por seu peito e todo seu corpo.
Nos minutos seguintes, uma de suas boas amigas conversou com ela sobre tudo aquilo, sobre tudo o que ela, por sua vez, tinha reparado. A menina, encantada com tudo o que a amiga tinha reparado, não pode dizer mais palavras a não ser:
- É, soul, ele é meu melhor amigo...

Ps.: Não sei como algumas pessoas conseguem tomar a outras (mesmo que completamente frias e desapegadas --' ) desprevinidas e incluirem-se em suas vidas a ponto de não poderem voltar atrás. Um dos mistérios que não pretendo desvendar.
Pss.: (Muitíssimo) Obrigada às três pessoas maravilhosas inclusas nesse texto por me ensinarem a cada dia o quão importante é tê-los por perto. Não que isso seja muito fácil de ser dito/digitado...mas eu...amo vocês. E muito. Muto obrigada por tudo que têm feito por mim. Especialmente você, e você sabe que é você quando ler isso.
Natália Albertini.

Comentários

Giovanna Tavares disse…
É tão estranho conversar com você e soltar aquelas frases simultâneas às suas, rir um pouco e entender os seus gestos como se fossem os meus.
Entender até bem demais, como uma conversa de uma pessoa só o_o
Ainda me maravilho com esse sentimento estranho, mas o máximo que consigo falar é "Ah, soul...".
Guess you got it. Eu te amo, você deve saber né...
Anônimo disse…
Na.!! nossa, jah disse que eu adorei esse fundo neh, mas tudo bem^^ e nao, nao fica ruim pra ler nao --' meew, voce escreve muuito bem, de verdade x] e eu adorei o que voce escreveu ='} voce eh muito especia, sabia..? passarei por aqui mais vezes ;] Beeijo :)*
Anônimo disse…
quase chorei, juro

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