Bloody Tango

Ele a arrancou brutalmente da mesa à qual estava sentada, puxando-a com agilidade, grudando os corpos.
Abstiveram-se de sorrisos.
Fuzilavam-se, comiam-se, devoravam-se com os olhos.
Viradas bruscas, ganchos e passadas longas.
Dançavam os dois um tango de rebeldia e obediência, de raiva e amargura, de violência e elegância.
A noite ia escura, afagando as faíscas de ambos.
Continham a respiração, recusando-se a parecerem cansados ao outro. Queriam provar sua força. Ela, com seus encaixes perfeitos. Ele, com a força com que a guiava.
Ele parou repentinamente e a arremessou ao chão.
Ela ficou ali.
Viu no espelho seu reflexo vestindo o vestido vermelho bem decotado, o cabelo puxado ao alto da cabeça num coque, os olhos escuros e a boca pintada. Sua imagem ofegava, o peito subia e descia em intervalos curtos.
Os olhos foram mais à direita no espelho.
Enxergaram o reflexo dele se afastando.
E por fim ela se encontrou sozinha em seu quarto.
Mais uma vez.

Ps.: ao som de El Sonido de La Milonga, de Bajofondo.
Natália Albertini.

Comentários

demek001 disse…
Ual! Adoro tudo que você escreve!

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