A e B.

Apoiada sobre as botas de cano alto, eu conversava educadamente com minha mãe e um de seus colegas de trabalho.
Um outro conhecido falou com seu bebê:
- Ai, João, chega! Papai não aguenta mais te segurar assim!
Ouvindo isso, os três que conversavam, olharam para o pai e seu filho, loiro como Peter Pan, e se ofereceram para segurar a criança um pouco.
O pai, baixinho e meio careca, impulsionou a criança para frente, entregando-o ao colega de trabalho que conversava com minha mãe e comigo.
O bebê se esquivou, esboçando um não com as palavras.
Foi impulsionado de novo, mas agora em direção à minha mãe. A reação da criança foi a mesma.
Por último, foi içado para frente, mas desta vez, em minha direção.
E, desta vez, o rosto do bebê se iluminou num sorriso banguela, fazendo os olhinhos verdes brilharem. Ele estendeu as maozinhas gorduchas e branquinhas, como paezinhos, para mim, radiante.
Fui contagiada, naturalmente estendi um amplo sorriso, retribuindo-lhe.
Coube perfeitamente nos meus braços, ficou a brincar com meus cachos, muito entretido com minhas caretas e jogadelas ao ar.
A sensação de tê-lo ali, aninhado a mim, foi de uma paz gigantesca.
Ao visualizar meu Bernardo e minha Alice a brincar perto de mim, adentrados uns quinze anos no futuro, a paz cresceu ainda mais.
Aguardo-os com ansiedade.

Ps.: essa minha mania de me ver como mãe perfeita. Claro, só depois dos trinta... (:
Natália Albertini.

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