Suculenta

Ela começou a se vestir: pôs a calcinha e a saia branca de pregas.
Ele a admirou por um tempo, ainda deitado, com os cabelos da nuca encharcados.
Levantou num ímpeto e postou-se de pé, nu, em frente a ela.
Enlaçou-a pela cintura e olhou o reflexo dos corpos dourados colados no espelho à direita deles.
Os cachos compridos e claros cobriam os seios bem definidos dela.
Ela encarou o reflexo dele. Os olhos do rapaz percorriam suas coxas, cintura e seios, ainda faminto. Por fim fixou-os nos olhos dela, acinzentados.
- A gente forma um casal bonito - ele deixou escapar.
A palavra "casal" não lhe causou arrepios como antes.
Sorriu mediante aos desejos dele. Ele jamais a teria, ela era inatingível, e era isso que a tornava tão suculenta.
- Claro que forma - ela respondeu numa voz rouca e em lábios avermelhados e aveludados.
Beijou o queixo robusto e barbado dele.
Os olhos dos dois reflexos não se desgrudavam, vítreos.
Hipnotizado.
Mais um.
Ela engoliu a própria saliva, que, ao escorregar pela garganta, trouxe um pouco mais do gosto do sangue já seco dele.

Natália Albertini.

Comentários

Dayana Sartorio disse…
A parte pior é saber que isso aconteceu e que você realmente se sente assim!!
Louca!
Rsrs.

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