Workaholic.

Pietro desceu as escadas correndo, esperando encontrar a avó a lhe esperar com a intenção de levá-lo até em casa. Entretanto, o que, ou melhor dizendo, quem encontrou superou toda e qualquer expectativa, exaltando-o em felicidade. A mulher que o esperava era relapsa, negligente. Era alta, esbelta e com cabelos vinho. Era devota ao seu trabalho (e, se me é permitido dizer, aparentemente só a este). Não se deu ao trabalho de levantar ou de olhar aos olhos do menino que se espantou ao vê-la. Apenas o olhou desanimada, suspirou e pensou consigo mesma que precisava de férias de tudo aquilo, ou simplesmente precisava voltar ao trabalho.
Os gritos do menino podiam ser ouvidos por toda a escola.
- Mãe! Mãe! Mamãe! Mamãe, mamãe, mamãe. Mãe! Olha, Vê, essa é minha mãe! - apresentou-a ao coleguinha com um sorriso enorme estampado no rosto e voltou a olhar encantado para a mulher á sua frente, enchendo-a de beijos e abraços.
Assim que conseguiu se livrar de tudo aquilo, a mulher se pôs de pé e segurou com força o pequeno braço daquele garoto que se via obrigada a chamar de filho.
- Você demorou. Vamos indo.
A professora se percebeu com os olhos marejados. Ah, como adorava ter aquelas crianças por perto. Como adorava crianças. Elas simplesmente viam tudo da maneira mais simples possível. Nem em um milhão de anos uma criança perceberia que sua mãe, ao contrário de uma heroína, que é o que pensam, é, na verdade, uma viciada em dinheiro que realmente acha que isto é muito mais do que tem de dar a seu próprio filho. Será que pensando que ele é um próprio pedaço seu, ela mudaria suas atitudes?
Puro egoísmo.

Natália Albertini.

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