Violões.

Sentia o mármore gélido e branco sob suas pernas, e o gesso, esbranquiçado e esquálido, tocando suas costas.
Os dedos dedilhavam, ágeis, as seis cordas do violão, fazendo-o expelir aquela melodia serena e pesarosa.
Seus olhos eram pálidos, indiferentes, cinzas.
O cabelo caía aos olhos, dando à visão a penumbra tão condizente ao momento.
O corpo do rapaz respirava imperceptivelmente, no ritmo das notas.
Era possível ver as partituras tatuadas nas paredes.
A camisa xadrez que lhe cobria o corpo tinha os botões errados. Perdiam uma ou outra casa.
Ao redor daquele músico, os corpos já sem alma.
Sem sorrisos.
Sem lágrimas.
Sem suspiros.
Cem.

Ps.: nem me perguntem...
Natália Albertini.

Comentários

Luísa disse…
Eu possivelmente me apaixonaria pelo rapaz do texto. hehehehe

Como sempre, Natá, sublime :)
Provavelmente este mesmo rapaz se encontra com os pés em movimento, indo de encontro à melodia, provavelmente este mesmo rapaz tem a ponta dos dedos grossas e calejadas, provavelmente este mesmo rapaz molha os lábios ao movimentá-los com pronúncias negras e cinzentas.

Um belo texto prima.

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