Pulmões sonolentos.

A persiana branca abaixada.
Rasas partículas de ar entrando naquele quarto lilás.
Um caderno aberto sobre o criado-mudo, uma de suas páginas preguiçosamente tentando se virar.
Sobre a cama, lençóis amarrotados.
Um corpo jogado, embaraçado.
Pernas alongadas, um joelho à altura do peito, quadril desencaixado. Boxer branca e top vermelho. Braços entrelaçados e dedos emaranhados.
Cachos perdidos nas profundezas daquele travesseiro de fronha amarela.
Lábios relaxados, semi-abertos.
Cílios alongados, selando os olhos.
O peito secretamente levantando e afundando, roubando oxigênio para os pulmões sonolentos.
Um ser adormecido e cansado.
Minha não-rotina.

Natália Albertini.

Comentários

Rafa disse…
Tu tem uma prática muito legal de escrever teu sentimento de forma poética, mas indo direto ao ponto. Tive um amigo que sempre escreveu assim também. Eu acho isso bonito.

Postagens mais visitadas deste blog

Os Três T's

O Punhal.

Uivos.