De todas as suas amigas, ela era a mais ela.

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A noite caiu e ali estava ela: sentada diante de seu computador, prestes a fazer sabe-se lá o quê a fim de espantar o tédio. Decidiu-se por olhar fotos, relembrar bons momentos.
Começou sua revisão com fotos de si própria quando criança. Ah, como gostava daquelas fotos...
As próximas eram fotos com a família e amigos, porém num estado bastante avançado de sua vida, quase seu estado atual. As fotos lhe embalavam numa melodia alegre e calma, simultaneamente.
De todas as suas amigas, sempre se achou a mais afetuosa e a mais preocupada no quesito relações amistosas e familiares. De todas as suas amigas, sempre se achou a que menos guardava rancor. De todas as suas amigas, sempre se achou a que menos elevava discussões a um nível que não mereciam. De todas as suas amigas, sempre se achou a mais disposta a ignorar um possível passado desagradável e a optar por um presente mais confortável. De todas as suas amigas, sempre se achou a que mais tentava resolver logo os problemas, e não os levar longe demais, como todas as outras o faziam.
Não diria que a nostalgia já não a havia assolado, pois isso, sim, seria uma bela mentira. Era só que agora havia se conformado, agora havia entendido que nada do que foi voltaria a ser como era previamente. A amizade que possuía com certas pessoas e que todas julgavam ser infinita e maior do que tudo e todos havia perdido mais da metade de toda sua força e jamais voltaria a recuperá-la. Era assim e por mais que todas as outras tentassem mudar este fato, ele continuaria imutável. De todas as suas amigas, sempre se achou a mais sensata e a menos relutante a aceitar isto.
As fotos continuaram passando diante de seus olhos e o que ela reparava agora é que tinha demasiado poucas destas tiradas naturalmente, isso é, em quase nenhuma delas ela e as demais pessoas apareciam rindo, chorando ou qualquer outro tipo de pose para fotos inesperadas. Agora pensava se de todas as suas amigas, ela era a que menos tinha aproveitado a vida. Agora se questionava sobre seu modo de viver, seu modo de se divertir. “Ainda sou nova”, pensava ela. Mas será que era ainda realmente nova? Não parecia ser tão jovem, afinal, de todas as suas amigas, sempre se achou a mais madura em quase todas as situações.
Será que estava ela deixando escapar alguma coisa que a vida lhe oferecia? Não queria, aliás, não podia deixar nada escapar, afinal, uma vez que algo lhe escoa por entre os dedos, dificilmente ela volta, portanto, tinha de ficar atenta.
Será que era mesmo tudo isso? Será que realmente estava perdendo algo e deixando de aproveitar a vida como realmente deveria aproveitar? Ou será que era apenas que o modo de entretenimento de suas amigas lhe era diferente? Ou será que cada um aproveitava a vida como achava que deveria fazê-lo? Ou será que era somente a fome que todos os jovens têm?
Estava suficientemente confusa para um único dia quando a este mesmo ponto, outras dúvidas começaram a lhe perturbar. Dúvidas do tipo: por que ela, que sempre se achou menos feia que certas meninas de sua escola, não atraía olhares como aquelas atraíam? Por que ela, que sempre se achou mais interessante do que meninas que falavam somente sobre moda e meninos, não era a causa de murmúrios como aquelas eram? Por que maldito motivo ela, que sempre se considerou até que um tanto quanto particularmente interessante, não conseguia chamar a atenção de quem ela gostaria de chamar?
Ah, como odiava quando esse tipo de pensamento lhe invadia a mente. Como odiava esses seus períodos denominados por ela mesmo de “períodos quero-alguém-pra-mim”. Como odiava se preocupar com esse tipo de coisa. Como odiava se sentir fútil assim. Como odiava saber que tudo isso era natural e que continuaria enfrentando emoções como estas pelo resto de sua vida.
Nunca foi alguém que aspirava encontrar o amor de sua vida quando atingisse seus quinze anos. Aliás, não sabia ao certo se realmente acreditava que o amor de sua vida existia. Essa era, definitivamente, uma de suas épocas mais confusas e incompreensíveis de sua toda sua vida.
Nunca teve sonhos quando criança de ser uma princesa e achar seu príncipe encantado como muitas de suas amigas tiveram. Nunca esperou encontrar exatamente no momento que esperava alguém que a levasse às alturas e que a amasse e a fizesse amar de maneira inimaginavelmente absurda.
Não, jamais quis nada disso. Queria exatamente o contrário: queria continuar sozinha por um bom tempo, ao menos era o que sua razão, sua mente afirmava.
Já nos “períodos quero-alguém-pra-mim”, o sentimento dominava seu corpo como ainda o faria por inúmeras vezes ao longo de sua existência, e quase a convencia de que realmente precisava de alguém, precisava de um namorado.
O que a confundia e o que quase a levava a perder a cabeça era o conflito constante e sangrento entre sua razão e seu sentimento, sua mente e sua alma, sua pele e seu espírito.
Por fim, o que achava ter decidido é que queria apenas alguém que a surpreendesse e que, ao invés de levá-la ao céu, apenas a tirasse do chão. Queria alguém para abraçar e beijar a hora que quisesse, porém não alguém a quem dedicar seu amor eterno e infinito. Queria alguém que ligasse de vez em quando só para saber como ela estava, e não alguém que ligasse todos os dias e contasse seu dia inteiro.
Já não sabia mais o que queria. Não sabia se alguém a entenderia.
As fotos haviam se acabado e ela estava agora escrevendo, aliás, descrevendo sua situação, suas emoções, se é que essas podiam ser traduzidas em palavras.
Ela queria que magicamente alguma fada ou qualquer outra espécie de criatura mágica lesse aquilo e a mandasse imediatamente alguém com os requisitos necessários.
Como sabia que isso não aconteceria, decidiu apenas parar de escrever e ir fazer outra coisa, distrair sua mente para que não brigasse tanto com seu coração.
Enquanto desligava a máquina, pensava apenas se, assim como ela contava a história de muita gente, alguém a estaria observando de alguma lente e depois escreveria sua história.

Natália Albertini.

Comentários

Anônimo disse…
talvez eu esteja enganada, mas acho que estou presente em algum momento desse texto.
acho que o que foi não volta mais mesmo.

talvez você acredite que existe um tempo pra cada um, ou talvez você se impaciente de ter que esperar.
mas a escolha é toda sua, esperar, ou fazer acontecer... não existe certo ou errado, existe o que é seu e pode ter certeza que é diferente dos outros.

whatever, acho que eu só to dizendo um monte de besteiras...
beijos meu bem

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