Veia vem, artéria vai.

Se eu pudesse e fosse suficientemente covarde, juro que enfiava meu braço inteiro garganta abaixo e agarrava esse pequeno pedaço de mim que não desiste de tropeçar. Eu o retiraria, coberto de viscosidades, e o encararia com o maior prazer do mundo. Porque, se estivesse no externo, não tomaria mais controle de mim.
Colocaria-o sobre a tábua de carne, pegaria o maior facão da minha primeira gaveta e enfiaria o instrumento no pequeno, ainda pulsante, tantas vezes quantas necessárias para me satisfazer.
E só depois de perceber toda e cada minúscula parte sua dilacerada e melecada de visco, veias e artérias, eu me daria por contente. Só enfim eu poderia sorrir aquele meu sorriso mais canalha, feliz de ter minha mente em pleno controle de tudo.
Mas como já disse, ainda me resta alguma coragem...Afinal, não pode não ter utilidade alguma, deve servir pra alguma coisa boa em algum momento da vida esse tal de bombeador de sangue... Vai entender...
Quem sabe num dia desses ele não acaba caindo e quebrando a cara de tanto tropeçar?

Natália Albertini.

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