E os lençóis marcados.
Aerosmith - I Don't Wanna Miss A Thing.mp3
- Por que você tem que ser assim? - disse a moça, deitada com a barriga para baixo em sua cama e pousando a cabeça sobre os braços cruzados, estes, por sua vez, sobre o travesseiro. Alguns fios de cabelos teimosos caíam-lhe aos olhos, atrapalhando-lhe a visão. Porém não fez esforços para tirá-los dali, não era nada necessário. Seus olhos semicerrados e visivelmente cansados se fixavam nos dele que a olhava com demasiados encanto e admiração.
Ele arqueou as sobrancelhas e lhe respondeu:
- Assim como, meu amor? - o tom foi parcialmente confuso. Ele encontrava-se na mesma posição que ela. Agora seus dedos foram levados ao rosto da garota e lhe tiraram os cabelos da face de maneira carinhosa, logo depois acariciando-lhe. Estavam bem próximos, logo, não teve que esticar muito o braço.
Ela suspirou e piscou de forma lenta e preguiçosa. Assim que ele correu a mão por sua boca, beijou-lhe os dedos com carinho e feição, em seguida lhe respondendo:
- Assim, perfeito.
Ele riu com suavidade e a olhou, divertido:
- Perfeito? Querida, estou muito longe da perfeição e, para lhe dizer a verdade, não sei se quero chegar lá.
Ela não se esforçou nem para oferecer-lhe um mero sorriso de canto, apenas prosseguiu:
- Você me entendeu.
- Sim, você foi bastante clara dizendo que eu era perfeito e eu, lhe contradizendo.
- Não, não. Quis dizer não que você é perfeito, sem nenhum defeito. Mas sim, que até seus defeitos me agradam.
- Ah - disse ele, novamente divertido e rindo levemente - agora entendi. Mas acho que isso não acontece de verdade. Ou então isso quer dizer que todas as vezes que você se irritava comigo, você estava apenas fingindo para que eu não me convencesse que era bom demais? - e fez uma cara de espanto, suficientemente fingida para que ela risse.
Ela se descontraiu e soltou uma pequena risada, logo depois voltando a encará-lo com paixão e respondendo-lhe:
- Não, seu bobo, eu não fingi. Eu sei lá... Mas acho que me agrada até quando me irrita. Você sempre reconhece que está errado e vem me pedir desculpas com aquela sua cara de cachorro que caiu da mudança.
Ambos riram com leveza, sem deixar de se olharem e depois nutriram um silêncio pacífico que depois de alguns instantes foi quebrado por ele enquanto acariciava o braço da moça:
- Então vou tentar te irritar mais para você gostar ainda mais de mim.
- Não tem como.
- Não tem como te irritar mais? - e arqueou uma das sobrancelhas.
- Não, seu bobo, isso você sempre consegue. Digo que não tem como eu gostar ainda mais de você.
- Nossa, mas eu sou tão ruim assim? - e sorriu-lhe um sorriso de canto.
- Não, você é só muito bom e eu já gosto de você com todas as minhas forças, não tem como gostar ainda mais, entende?
- Ah, sim, acho que posso dizer o mesmo.
- Não, não pode. Não tem como você gostar de mim tanto quanto eu gosto de você.
- Ah, pare com esses joguinhos melosos, vai.
- Não, não é joguinho algum, meu bem. É a mais pura verdade. Você nunca vai entender como minha garganta dá-se um nó, como meu estômago se revira e como eu arrepio a cada vez que você vem me ver, a cada vez que você me liga, a cada vez que você me toca.
Ainda que o quarto estivesse com a janela fechada, ela pôde ouvir que lá fora o céu havia começado a chorar, as lágrimas dele batiam no vidro e pediam para entrar. Mas não queria, agora já tinha suas próprias e nem sabia por quê. Ele, preocupado, enxugou-lhe algumas e aproximou-se mais, perguntando-lhe:
- O que acontece? Eu fiz algo errado?
- Não, quem fez fui eu.
- Como assim?
- O que fiz de errado foi alimentar essa falsa esperança, achar que isso poderia dar certo, me apaixonar por você.
Sua voz vacilava de vez em quando graças ao pranto silencioso. Ele ficou sem palavras e tudo o que fez foi abraçar-lhe. Ela afundou a cabeça no travesseiro e engoliu alguns suspiros, mas logo virou a face e beijou-lhe o pescoço. Ele não teve reação, parecia não ter sequer sentido aquilo, parecia não ter sequer tomado conhecimento do que ela fez, e isso apenas lhe causou mais lágrimas e mais suspiros.
- Eu te queria pra todas as horas e situações.
- Mas você me tem pra tudo isso.
- A quem você quer enganar?
- Por Deus, não quero te enganar... Estou apenas lhe dizendo a verdade.
- E que verdade? Em meio a tudo isso, já nem sei mais o que é verdade.
- A verdade é que fomos feitos um para o outro e que eu te amo.
- Você... Você... Você me ama? - ela hesitou em perguntar, pois aquilo lhe causou mais borboletas no estômago que nunca.
- Claro que amo.
- Não, não fale isso...
- Mas eu te amo.
- Para! - desta vez ela gritou, assustando-o.
- Você está tão estranha... - disse ele, afastando-se um pouco e deixando de abraçá-la.
- Estranha? Não sei nem se você me conhece para saber quando estou estranha e quando não estou.
- Mas é claro que conheço... Por que você está tão confusa?
- Não estou, eu sou confusa. E com você por perto, perco o chão.
Ele sorriu, lisonjeado e concernado simultaneamente.
- Sabe, eu queria que tudo isso realmente fizesse parte de meu cotidiano.
- Mas isso faz...
- Não faz não, e você sabe tão bem quanto eu.
- Sei, mas não podemos ignorar isso ao menos quando estamos juntos?
- Não dá.
- Por quê?
Ela apenas meneou a cabeça e não respondeu, permaneceu em silêncio.
- Agora durma, você precisa descansar, está muito confusa.
- Mas você promete que quando eu acordar você estará aqui?
- Prometo.
- E o que eu tenho que fazer para você cumprir isso? - outra lágrima solitária e quente escorreu-lhe pelo rosto.
- Não acordar.
Ele aproximou-se e beijou-lhe os lábios com total afeição e suavidade. Ela dormiu e, no dia seguinte, tudo o que tinha de lembrança dele era o gosto de mel na boca.
Baseado num garoto aparentemente real.
Natália Albertini.
- Por que você tem que ser assim? - disse a moça, deitada com a barriga para baixo em sua cama e pousando a cabeça sobre os braços cruzados, estes, por sua vez, sobre o travesseiro. Alguns fios de cabelos teimosos caíam-lhe aos olhos, atrapalhando-lhe a visão. Porém não fez esforços para tirá-los dali, não era nada necessário. Seus olhos semicerrados e visivelmente cansados se fixavam nos dele que a olhava com demasiados encanto e admiração.
Ele arqueou as sobrancelhas e lhe respondeu:
- Assim como, meu amor? - o tom foi parcialmente confuso. Ele encontrava-se na mesma posição que ela. Agora seus dedos foram levados ao rosto da garota e lhe tiraram os cabelos da face de maneira carinhosa, logo depois acariciando-lhe. Estavam bem próximos, logo, não teve que esticar muito o braço.
Ela suspirou e piscou de forma lenta e preguiçosa. Assim que ele correu a mão por sua boca, beijou-lhe os dedos com carinho e feição, em seguida lhe respondendo:
- Assim, perfeito.
Ele riu com suavidade e a olhou, divertido:
- Perfeito? Querida, estou muito longe da perfeição e, para lhe dizer a verdade, não sei se quero chegar lá.
Ela não se esforçou nem para oferecer-lhe um mero sorriso de canto, apenas prosseguiu:
- Você me entendeu.
- Sim, você foi bastante clara dizendo que eu era perfeito e eu, lhe contradizendo.
- Não, não. Quis dizer não que você é perfeito, sem nenhum defeito. Mas sim, que até seus defeitos me agradam.
- Ah - disse ele, novamente divertido e rindo levemente - agora entendi. Mas acho que isso não acontece de verdade. Ou então isso quer dizer que todas as vezes que você se irritava comigo, você estava apenas fingindo para que eu não me convencesse que era bom demais? - e fez uma cara de espanto, suficientemente fingida para que ela risse.
Ela se descontraiu e soltou uma pequena risada, logo depois voltando a encará-lo com paixão e respondendo-lhe:
- Não, seu bobo, eu não fingi. Eu sei lá... Mas acho que me agrada até quando me irrita. Você sempre reconhece que está errado e vem me pedir desculpas com aquela sua cara de cachorro que caiu da mudança.
Ambos riram com leveza, sem deixar de se olharem e depois nutriram um silêncio pacífico que depois de alguns instantes foi quebrado por ele enquanto acariciava o braço da moça:
- Então vou tentar te irritar mais para você gostar ainda mais de mim.
- Não tem como.
- Não tem como te irritar mais? - e arqueou uma das sobrancelhas.
- Não, seu bobo, isso você sempre consegue. Digo que não tem como eu gostar ainda mais de você.
- Nossa, mas eu sou tão ruim assim? - e sorriu-lhe um sorriso de canto.
- Não, você é só muito bom e eu já gosto de você com todas as minhas forças, não tem como gostar ainda mais, entende?
- Ah, sim, acho que posso dizer o mesmo.
- Não, não pode. Não tem como você gostar de mim tanto quanto eu gosto de você.
- Ah, pare com esses joguinhos melosos, vai.
- Não, não é joguinho algum, meu bem. É a mais pura verdade. Você nunca vai entender como minha garganta dá-se um nó, como meu estômago se revira e como eu arrepio a cada vez que você vem me ver, a cada vez que você me liga, a cada vez que você me toca.
Ainda que o quarto estivesse com a janela fechada, ela pôde ouvir que lá fora o céu havia começado a chorar, as lágrimas dele batiam no vidro e pediam para entrar. Mas não queria, agora já tinha suas próprias e nem sabia por quê. Ele, preocupado, enxugou-lhe algumas e aproximou-se mais, perguntando-lhe:
- O que acontece? Eu fiz algo errado?
- Não, quem fez fui eu.
- Como assim?
- O que fiz de errado foi alimentar essa falsa esperança, achar que isso poderia dar certo, me apaixonar por você.
Sua voz vacilava de vez em quando graças ao pranto silencioso. Ele ficou sem palavras e tudo o que fez foi abraçar-lhe. Ela afundou a cabeça no travesseiro e engoliu alguns suspiros, mas logo virou a face e beijou-lhe o pescoço. Ele não teve reação, parecia não ter sequer sentido aquilo, parecia não ter sequer tomado conhecimento do que ela fez, e isso apenas lhe causou mais lágrimas e mais suspiros.
- Eu te queria pra todas as horas e situações.
- Mas você me tem pra tudo isso.
- A quem você quer enganar?
- Por Deus, não quero te enganar... Estou apenas lhe dizendo a verdade.
- E que verdade? Em meio a tudo isso, já nem sei mais o que é verdade.
- A verdade é que fomos feitos um para o outro e que eu te amo.
- Você... Você... Você me ama? - ela hesitou em perguntar, pois aquilo lhe causou mais borboletas no estômago que nunca.
- Claro que amo.
- Não, não fale isso...
- Mas eu te amo.
- Para! - desta vez ela gritou, assustando-o.
- Você está tão estranha... - disse ele, afastando-se um pouco e deixando de abraçá-la.
- Estranha? Não sei nem se você me conhece para saber quando estou estranha e quando não estou.
- Mas é claro que conheço... Por que você está tão confusa?
- Não estou, eu sou confusa. E com você por perto, perco o chão.
Ele sorriu, lisonjeado e concernado simultaneamente.
- Sabe, eu queria que tudo isso realmente fizesse parte de meu cotidiano.
- Mas isso faz...
- Não faz não, e você sabe tão bem quanto eu.
- Sei, mas não podemos ignorar isso ao menos quando estamos juntos?
- Não dá.
- Por quê?
Ela apenas meneou a cabeça e não respondeu, permaneceu em silêncio.
- Agora durma, você precisa descansar, está muito confusa.
- Mas você promete que quando eu acordar você estará aqui?
- Prometo.
- E o que eu tenho que fazer para você cumprir isso? - outra lágrima solitária e quente escorreu-lhe pelo rosto.
- Não acordar.
Ele aproximou-se e beijou-lhe os lábios com total afeição e suavidade. Ela dormiu e, no dia seguinte, tudo o que tinha de lembrança dele era o gosto de mel na boca.
Baseado num garoto aparentemente real.
Natália Albertini.
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