Baunilha empoeirada

Sigur Rós - Salka
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Olhava pela janela. O dia não estava chuvoso nem nublado. O Sol brilhava com intensidade e fazia a temperatura alta a ponto de dificultar a respiração de alguns humanos.
Voltou a cabeça para o colo e deu de cara com a foto que lhe impulsionou a realizar o ato anterior. A fotografia havia sido tirada num dia de uma grande tempestade, infelizmente não se recordava exatamente do que tanto ela e seus companheiros riam, apenas inundou-se de felicidade ao rever o retrato.
O peso do grande álbum vermelho sobre as pernas cruzadas num nó lhe era praticamente agradável, quase imperceptível, apesar de ter sido cheio com mais de trezentas fotos. As mãos viravam as páginas rígidas e dobráveis em intervalos regulares, dando-lhe tempo suficiente para submergir-se em incontáveis sensações distintas.
O que lhe matava era pensar que cada um daqueles rostos em cada retrato algum dia já havia sido seu confidente, seu amigo, e agora, nada, mal se recordava com que letra começavam seus nomes. O que lhe matava era saber que isso era inevitável e que por mais que quisesse, jamais conseguiria atrasar os ponteiros do relógio do gato Félix que ficava sobre sua cama. Sabia que não o alcançaria, desde criança, nunca o alcançou.
Assim que os olhos do gato moveram-se com o apito das três horas da tarde daquele dezembro sufocante, o álbum foi retirado do peito em que dormia pelas mãos da mãe daquele ser adormecido, fechado e colocado de volta na prateleira para seguir todo seu curso com a poeira.
Exatamente às três horas marcadas pela cauda preta do gato inalcançável, o cheiro de baunilha e as inúmeras faces amigas que haviam voltado para saudar-lhe, foram embora mais uma vez. Jamais seria possível retomá-las integralmente. A cada virada de página, elas eram mais e mais esquecidas, era seu curso natural e inevitável.

Ps.: Meio confuso, mas anyway...
Natália Albertini.

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